
A alma não teria arco-íris se os olhos não tivessem lágrimas…
John Vance
Naquele tempo, Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes:
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.
Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.
Mc.16, 15-20
No Evangelho de hoje encontramos uma das seis tarefas que Jesus atribui ao Espírito Santo: conduzir os discípulos à verdade plena.
Como falar hoje do espírito Santo a um mundo vazio de espírito? Rico de matéria e submerso na incredulidade…
Para Paulo também não foi fácil falar de Deus aos atenienses. Recordo com saudade a viagem que fiz a este espaço no verão passado, onde me coube a mim ler esta passagem.
Paulo foi original, partiu da inscrição do altar: “ao Deus desconhecido”, e depois centrou o seu testemunho no conhecimento de Deus em quem vivemos, nos movemos e existimos.
Hoje, nós que somos Seus discípulo/a(s), devemos também estar atento/a(s) para descobrirmos em que nível, em que grau de conhecimento de Deus se encontram o/a(s) nosso/a(s) irmãos e irmãs.
No mundo onde nos movimentamos, frequentemente, a acreditamos num Deus que fazemos à nossa medida, nivelando o Seu pensar com nosso, as Suas razões com as nossas.
Todos sabemos muitas coisas de Deus; inclusive, falamos muitas coisas acerca Dele, mas de uma forma superficial, passamos ao lado do que Deus quer: que O conheçamos, que saboreemos o Seu amor pessoal por cada um e cada uma de nós, e que vivamos com filhos e filhas profundamente amado/a(s) por Ele.
E que tal pensar um pouco nisto hoje…
De pé, no meio do Areópago, Paulo disse, então:«Atenienses, vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens.
Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos monumentos sagrados, até encontrei um altar com esta inscrição: ‘Ao Deus desconhecido.’ Pois bem! Aquele que venerais sem o conhecer é esse que eu vos anuncio.O Deus que criou o mundo e tudo quanto nele se encontra, Ele, que é o Senhor do Céu e da Terra, não habita em santuários construídos pela mão do homem, nem é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa, Ele, que a todos dá a vida, a respiração e tudo mais. Fez, a partir de um só homem, todo o género humano, para habitar em toda a face da Terra; e fixou a sequência dos tempos e os limites para a sua habitação, a fim de que os homens procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo, mesmo tacteando, embora não se encontre longe de cada um de nós. É nele, realmente, que vivemos, nos movemos e existimos, como também o disseram alguns dos vossos poetas:‘Pois nós somos também da sua estirpe.’
Actos 17, 22...
Agora, deu-me para contar histórias, podia ser para pior, deve ser influência da proximidade com os miúdos da catequese. Para quem não sabe sou responsável pela catequese da Paróquia.
Então cá vai mais uma história...
Como todas as Histórias, esta não podia de deixar de começar... Era uma vez um menino chamado João. João tinha apenas cinco anos, a professora do jardim de infância, pediu aos meninos que fizessem um desenho sobre uma coisa que eles amassem.
João desenhou a sua família...
Depois, desenhou um grande círculo, com um lápis vermelho, ao redor das figuras.
Querendo escrever uma palavra por cima do círculo, ele saiu da sua carteira, foi até à mesa da professora e perguntou-lhe:
Senhora professora, como é que se escreve...?
A professorara não o deixou terminar a pergunta, e disse-lhe: o menino vai já para o seu lugar e não se atreva a interromper mais a aula.
João dobrou o papel e guardou-o no bolso.
Quando regressou a casa, lembrou-se do desenho e tirou-o do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi à mochila, pegou num lápis e olhou para o enorme círculo vermelho.
A sua mãe estava a preparar o jantar, indo e vindo do fogão para a bancada e para a mesa.
Ele queria terminar o desenho antes de o mostrar a ela e perguntou-lhe:
- Mamã, como é que se escreve...?
João! não vês que estou ocupada? Vai brincar lá para fora. E não batas com a porta.
O João dobrou o desenho e guardou-o novamente no bolso.
Nessa noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso.
Olhou para o enorme círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou no lápis.
Ele queria acabar o desenho antes de o mostrar ao pai.
Alisou bem as dobras, colocou o desenho no chão da sala, perto do sofá onde o pai se costumava sentar e perguntou-lhe:
- Papá, como é que se escreve...?
- João! não vês que estou a ler o jornal e que não gosto de ser interrompido? Vai brincar lá para fora e não batas com a porta.
O Joãozinho dobrou mais uma vez o desenho e guardou-o no bolso.
No dia seguinte, quando a mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso das calças do João, enrolados num papel, uma pedrinha, um elástico e dois cromos.
Eram os tesouros que ele tinha guardado enquanto brincara fora de casa.
Ela nem desenrolou o papel e atirou tudo para o lixo.
Os anos passaram... e muitos dias iguais a estes se seguiram...
Entretanto o João cresceu e casou...
Quando João tinha 28 anos, a sua filha de cinco anos, a Ana fez um desenho.
Era o desenho da sua família.
O pai sorriu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e disse:
- Este és tu, Papá!
A menina sorriu também...
O pai olhou para o enorme círculo vermelho feito por ela, ao redor das figuras e demoradamente, passou os dedos sobre o círculo.
Ana desceu rapidamente do colo do pai e disse-lhe:
-Eu já venho Papá!
Quando voltou, trazia um lápis na mão.
Voltou a sentar-se nos joelhos do pai, pôs a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou:
- Pap! como é que se escreve AMOR?
Ele abraçou a filha, pegou-lhe na mãozinha e conduziu-a devagar, ajudando-a a escrever as letras, enquanto lhe dizia:
AMOR, querida, AMOR escreve-se com as letras T, E, M, P, O.
Mãe! Nome tão doce e santo
Esta palavra diz amor profundo
Deus quis que ela fosse encanto
E a raiz da própria árvore do mundo
Nas horas amargas grandeza assume
Quando sofre uma mãe sem um lamento
Sem uma negação, sem um queixume
Tem na alma o condão do sofrimento
Mãe! Essa virtude a herdaste pela graça
Daquela que sofreu aos pés da cruz
Até que esvaziou o fel da taça
Que amargurou o seu Filho – Jesus
Maria da Piedade Anselmo
Naquele tempo, disse Jesus.
«Eu sou o Bom Pastor.
O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa.
O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor.
Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la.
Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente.
Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai».
Jo. 10, 11-18