
Continuamos em tempo de Quaresma. Uma das dimensões da Quaresma é a esmola. Tenho pena que a maior parte das vezes resumamos a esmola a algo material, e mais concretamente ao dinheiro. Esta dimensão é muito mais do que cinco tostões que depositamos numa caixa ou na mão de alguém.
A esmola a que a Quaresma nos desafia, é o olharmos para fora e percebermos que muitas pessoas à minha volta têm fome e sede do meu tempo, da minha vida, das minhas histórias e, também dos meus bens.A esmola a que a Quaresma me desafia é um tempo para partilhar aquilo que tenho e o que sou. É um tempo onde devemos aprender a conjugar o verbo dar…
16 comments:
De facto, reconhecer-mos que nos gabamos do que damos, já é um principio para corrigir esse "defeito"...
Dar esmolas numa altura em que todos nos queixamos da "crise", é mesmo pelo desafio da quaresma,e por mim falo, o pouco que possa dar, certamente nao me fará falta...
Mas recordar atravez da mãe, fez-me lembrar o quanto é bom recordar as coisas simples e grandiosas que por vezes esquecemos...
Á mãe, votos de felicidades,para juntos poderem partilhar, o que de bom lhe ensinou,e que faz dele o homem que é hoje...
Boa continuação da quaresma...
Muito bonito Padre! E muito verdadeiro! Não sou mãe mas tenho Mãe e conheço muitas outras. O amor que delas vem deve estar muito próximo do Deus. Não sente isso? E porque é que o dos filhos se afasta tanto... recebem tanto e dão tão pouco...
Um abraço
Fá
Também acho que a maior doacção hoje em dia é o nosso tempo.
É aquilo que nos custa mais partilhar. Achamos que nunca temos tempo para nada.
É um pouco grande, mas lembrei-me deste poema de K. Gibran sobre o Dom que vem a propósito.
Já agora, e antes do poema, podes visitar:
http://pjoaomaria.blogs.sapo.pt/
é uma experi~encia ainda sem nome, tem os defeitos e a fragilidade de quem começa a caminhar.
Um abraço.
O DOM
ENTÃO um homem rico disse:
- Fala-nos do Dom.
E ele respondeu:
- Dais muito pouco,
Quando dais daquilo que vos pertence.
Quando vos dais a vós mesmos
É que dais realmente.
Que é aquilo que vos pertence,
senão coisas que guardais ciosamente,
com medo de vir a precisar delas amanhã?
E amanhã,
Que trará o amanhã
Ao cão demasiado prudente
Que enterra os osso na areia movediça
Enquanto segue os peregrinos
A caminho da cidade santa?
E que é o medo da miséria,
Senão a própria miséria?
Quando o vosso poço está cheio,
Não é o medo à sede
Que torna a vossa sede insaciável?
Alguns dão pouco
Do muito que têm,
E fazem isso
Em troca do reconhecimento,
E o seu desejo oculto
Corrompe os seus dons.
Outros têm pouco
E dão tudo.
Estes são os que acreditam na vida,
Na bondade da vida
E o seu cofre nunca está vazio.
Há quem dê com alegria,
E esta alegria é a sua recompensa.
Há quem dê cheio de dores,
E essas dores são o seu Baptismo.
Há ainda quem dê, inconsciente, da sua vritude,
Sem nisso sentir dor nem alegria.
Dão como os mirtos do vale
Que a espaços atiram para o céu
O seu perfume.
É bom dar quando nos pedem;
E é bom dar sem que nos peçam,
Como bons entendedores.
E para o homem generoso,
Procurar aquele que vai receber
É maior alegria do que dar.
E haverá alguma coisa
Que possai conservar?
Tudo quanto possuís
Será dado um dia.
Portanto, dai agora,
Para que o tempo de dar seja vosso
E não dos vossos herdeiros.
Muitas vezes dizeis:
- Gostava de dar
mas só aos que merecem.
As árvores dos vosso pomares
Não falam assim,
Nem os rebentos das vossas devesas.
Dão para poderem viver,
Porque guardar é perecer.
Por certo
Aquele que é digno de receber
Os seus dias e as suas noites,
É digno de receber de vós tudo o resto.
E aquele que mereceu
Beber do oceano da vida
Merece encher a sua taça
Do vosso regato.
E que maior merecimento
Do que aquele que reside
Não na caridade, mas na coragem e na confiança
De receber?
E quem sois vós
Para que os homens devam rasgar o peito diante de vós,
Vencendo o orgulho,
Para poderdes ver o seu mérito
A descoberto
E a sua altivez manifesta?
Procurai primeiro
Merecerdes ser doadores
E instrumentos de doação.
Porque, em verdade,
É a vida que dá à vida,
E quando julgais ser doadores,
Sois apenas testemunhas.
E vós que recebeis
- e tois sois recebedores -
não atireis para cima de vós
o peso da gratidão,
sob pena de impordes um jugo
a vós mesmos e àquele que dá.
Mas elevai-vos juntamente com o doador,
Usando os dons como asas.
Porque ligar demasiada importância
à vossa dívida
É duvidar da sua generosidade,
Que tem por mãe a Terra magnânima
E Deus como Pai.
In O Profeta, 27-31.
E tantos que dão só para se gabarem disso...
Blogue interessante!!!
http://shema.wordpress.com/
Cuidei que esse tempo de conjugar era todo o tempo...
(Acasos me trouxeram por estes lados; li aqui, ali e mais além um pouquito. E vou sem que tenha tenha perdido tempo...)
Abraço!
Saborear a Vida
Acessa o blog! e Linka-me pf!
Deus o abençoe e o pague
www.saborearavida.blogspot.com
Belas palavras!!!
Ainda mais num tempo onde o Vaticano resolveu mais do que nunca conjugar os verbos "vigiar", "silenciar", proibir"...
Padres falando em doação, em abnegação... Isso me anima a continuar caminhando!
Paz & Bem!!!
Zé Luiz.
Obs.: Não estou conseguindo enviar comentários com meu login! Então segue meu link:
http://osperegrinos.blogspot.com/
Oi...
Silêncio... Tudo quieto... Tá abandonado aqui???
Eco... Eco... Eco...
Abraço!!!
Paz & Bem!!!
Zé Luiz.
Excelente artigo, pena que existam pessoas que se gabam de "nada fazer..."
joseé esteves
dar o que temos a mis é facil, dar o que nos fáz falta é que e dificil.
No meu cantinho ficou lá um mimo. Vá buscá-lo antes que se estrague:)
Pausas tão grandes, Padre!:( Se fossem os desgraçados dos meus alunos já tinham que ouvir... oh se tinham.
Um abraço
Fá
Escolheste muito bem a imagem!
E o texto, sem dúvida, repleto de sabedoria.
Nos dias que decorrem é muito difícil saber-se "dar" seja lá o que for sem se querer algo em troca!
Beijinhos
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