Monday, June 19, 2006

É urgente aprender a amar...

Viver de Amor, é dar sem medida
Sem reclamar salário aqui na terra.
Ah ! sem contar eu dou-me bem segura
De que, quando se ama, não se conta !...
Ao Coração Divino, transbordante de ternura
Dei tudo... ligeiramente eu corro
Nada tenho senão a minha única riqueza
Viver de Amor.

Viver de Amor, é dissipar o medo
Afastar a lembrança das faltas do passado.
Dos meus pecados não encontro vestígios,
Num breve instante o amor queimou tudo.
Chama divina, ó dulcíssima Fornalha!
No teu centro fixo a minha morada
É no teu fogo que eu canto alegremente:
«Vivo de Amor!...»

«Viver de Amor, que estranha loucura !»
Diz-me o mundo, «Ah! cessa de cantar,
«Não percas os teus perfumes, a tua vida,
Aprende a empregá-la utilmente!...»
Amar-te, Jesus, que perda fecunda!...
Todos os meus perfumes são teus para sempre,
Quero cantar ao sair deste mundo:
«Morro de Amor!»


Amar é dar tudo e dar-se a si mesma.

Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja Poesia 17 «Viver de Amor»

Nota: para além de comentar, claro, pode sublinhar a frase que lhe diz mais, ou diz alguma coisa...

Monday, June 12, 2006

Olá, tenho andado distante de tudo e de todos e até mim próprio. Hoje ao celebrar a eucaristia dei por mim a meditar nesta bem-aventurança: "Felizes os puros de coração: porque verão a Deus".
Nós queremos ver Deus, procuramos vê-lo, desejamos ardentemente vê-lo.
Quem não tem esse desejo?
"Felizes os puros de coração: porque verão a Deus".
Age de forma a que o vejas.
Comparando com as realidades materiais, como quererias contemplar o sol nascente com olhos doentes?
Se os teus olhos estiverem sãos, essa luz será para ti um prazer; se estiverem doentes, será para ti um suplício.
Certamente que não te será permitido ver com um coração impuro o que só se pode ver com um coração puro.
Serás afastado, desviado; não verás.
Quantas vezes é que o Senhor proclamou homens "felizes"?
Que motivos de felicidade é que ele citou, que boas obras, que dons, que méritos e que recompensas?
Nenhuma outra bem-aventurança afirma: "Eles verão a Deus".
Eis como são enunciadas as outras: "Felizes os pobres em espírito: porque deles é o Reino do Céu. Felizes os mansos: porque possuirão a terra prometida. Felizes os que choram: porque serão consolados. Felizes os que têm fome e sede de justiça: porque serão saciados. Felizes os misericordiosos: porque alcançarão misericórdia".
Portanto, nenhuma outra afirma: "Eles verão a Deus".
A visão de Deus é prometida quando se trata de homens de coração puro. E não é sem razão, porque os olhos que permitem ver Deus são os olhos do coração.É desses olhos que fala o apóstolo Paulo quando diz: "Possa ele iluminar os olhos do vosso coração" (Ef 1,18). No tempo presente, esses olhos, por causa da sua fraqueza, são iluminados pela fé; mais tarde, por causa do seu vigor, serão iluminados pela visão. "Vemos actualmente uma imagem obscura, como que num espelho; nesse dia, veremos face a face" (1 Co 13,12).

Thursday, June 08, 2006

Retalhos da vida de um padre...

Nestes últimos três anos tivemos bastantes problemas económicos, devido à crise económica que o nosso país vive. Para mim está a ser uma verdadeira prova de fogo. Vim diminuir o trabalho e as entradas serem cada vez menos exíguas. Comecei a chamar os meus clientes, para apresentarmos novos projectos com orçamentos melhores, mais baixos, por isso mais acessíveis, mas não chegavam mais encomendas.
Que fazer?
Em casa reduzi cada vez mais as despesas, procurando viver com menos.
Aprendi a adormecer apesar das dívidas, a estar mais com os meus filhos para que não lhes pesasse tanto a situação.
Recomecei a rezar, a pedir, com fé, ajuda ao céu.
A economia de Deus é diferente da nossa.
O Evangelho diz: “Dai e dar-se-vos-á” e nós verificamos isto na nossa pele todos os dias, das coisas mais pequenas até às maiores. Entretanto, fazemos todo o possível, recolher jornais, cartão, embalagens e garrafas de vidro para vender; as crianças fazem saquinhos de doces para vender, etc. No nosso bairro muitas pessoas batem à porta pedindo alguma coisa e por vezes demos a única coisa que tínhamos. Uma vez, a minha mulher ofereceu um quilo de arroz e na mesma tarde recebemos 2 quilos de lentilhas…
As crianças também recebem roupas e brinquedos.
Um dia chegou-nos um carro, deixado em frente à porta da nossa casa por uma vizinha que nos disse: “disponham dele, pagam-nos como puderem”.
Assim, de carro, pudemos levar a nossa terceira filha, nascida com a síndrome de Down, a fazer os tratamento necessários…

E fico por aqui hoje… mas antes partilho um pensamento de Óscar Romero: que belo será o dia em que, numa sociedade nova, em vez de acumular e guardar egoisticamente, se distribua, se partilhe e se divida, e todos se alegrem porque nos sentimos filhos do mesmo pai! Este é o projecto de Deus.

Saturday, June 03, 2006

Com a argila fazem-se as cantarinhas. Mas é o seu vazio que acolhe a água. Com madeira fazem-se as janelas, mas é o vazio delas que torna luminosa a casa.
Assim, se aquilo que se vê é útil, o essencial permanece invisível.
Que os Espírito Santo, invisível aos nossos olhos humanos e por vezes muito distraídos, nos liberte do pecado e encha a nossa vida dos seus dons: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência e piedade.

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou Se no meio deles e disse lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse lhes de novo: «A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».

Jo. 20, 19-23

Thursday, June 01, 2006

Porque hoje é dia mundial da criança...


Existia um ilustre pensador na minha terra, que aproveitava tudo para penetrar na profundidade do pensamento e da vida. É um grande filósofo do país.
Apaixonado pela verdade, esta resistia-lhe, fugindo-lhe das mãos como uma enguia.
Por isso, quase já tinha renunciado a tanta procura e contentava-se em encontrar sentido para esta vida. “Quem sou eu e para que vivo”?
Nem as suas reflexões nem os seus debates com outros sábios o levaram muito longe. Nem sequer chegou a conclusões.
Uma tarde, enquanto a sua filha, de apenas cinco anos, brincava, o insigne pensador, entre o distraído e o carinhoso, quase maquinalmente, perguntou-lhe: “E tu, querida filha, sabes porque é que estás na terra”? A criança, sem pensar e sem sequer hesitar respondeu de imediato: “Para te amar papá, muito, muito…”.
Aprendamos a amar e descobriremos o verdadeiro sentida da nossa vida...