Monday, December 18, 2006

Eu dormia, mas de coração desperto.Chamam! É a voz do meu amado, batendo à porta: Abre-me… (Ct 5,2)




O advento que estamos a terminar foi um tempo de dispormo-nos a algo grande, mas muitas vezes fica silenciado no folclore de Dezembro.
Hoje à tarde dei um passeio pela cidade, à, quanto tempo já não o fazia, percebi esse folclore…
Porque quando chega algo que esperamos com ansiedade, não paramos de dar voltas e por vezes até nos tira o sono, pela ilusão, pela incerteza, pelo desejo de que as coisas cheguem, de ver esse ser querido, de saber o resultado de um exame muito importante e tantas outras coisas…
O que esperamos é alucinante, grande, imenso…
Ainda é tempo de te dispores a um encontro, mesmo por ser conhecido, não deixa de ser novo. Trata-se de um encontro com um Deus, o qual uma vez mais admiramos como ser humano. Um encontro com uma lógica, a lógica da encarnação, um Deus capaz de fazer-se humano com todas as consequências que isso acarreta,
Deus diz-nos sempre e também hoje, venho ao teu mundo, à tua vida, à tua história, para estar presente ai, naquele sítio concreto que só tu sabes, Vem a ti…

Thursday, November 30, 2006

Sabermo-nos, sentirmo-nos, somos amados...


Vamos iniciar um tempo forte, lindo, em fim um tempo de esperança. Vamos iniciar o tempo de advento.
Todos os anos é assim... Mas, este ano iniciemo-lo ainda com mais esperança, com mais força.
Preparamos a vinda do salvador. O Deus que quer estar muito próximo de nós. O Deus que nos ama. Por isso devemos saber-nos, sentir-nos, somos amados.
No coração da nossa vida ali onde se enraíza o que somos, o que sentimos, o que nos motiva a viver e a caminhar, está uma experiência de amor. Está o encontro com um Deus cuja palavra, cujo, o olhar para nós, cuja atenção é incondicional, abrasa, acolhe e envia. Isto nos faz fortes…
Este tempo de advento é um tempo forte de oração, um desafio a deixarmo-nos aconchegar nos braços de um Deus que nos protege e nos guia. Um convite a escutarmos uma palavra que, quando cai fundo em nós, se converte em fonte de confiança e de plenitude…
Um advento de esperança para todos os que por aqui passarem…

Friday, November 24, 2006

Carroça vazia…

Em homenagem à minha "prima" e AMIGA Célia Tereso, publico esta história, que ela partilhou comigo. Obrigado Célia… Um beijinho para ti.

Certa manhã, o meu pai, homem muito sábio, convidou-me a dar um passeio pelo bosque, eu aceitei com prazer.
O meu pai deteve-se numa clareira e depois de um pequeno silêncio perguntou-me:
Além dos pássaros, ouves mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos durante alguns segundos e respondi:
Oiço um barulho, parece ser de carroça...
Isso mesmo! disse o meu pai, é uma carroça vazia.
Uma carroça vazia? Perguntei ao meu pai:
Como é que sabes que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
O meu pai respondeu-me. É muito fácil saber que uma carroça está vazia, pelo barulho.
Quanto mais vazia a carroça está mais barulho faz.
Cresci, e até hoje, quando vejo uma pessoa a falar demais, a gritar, no sentido de intimidar, a tratar os outros com arrogância, a ser prepotente, interrompendo constantemente as conversas, querendo demonstrar que é dono da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir novamente a voz do meu pai a dizer-me: “Quanto mais vazia a carroça está, mais barulho ela faz…
Hoje vale a pena pensar nisto…

Thursday, November 16, 2006

Tendo chegado ao Horeb, Elias passou a noite numa caverna, onde lhe foi dirigida a palavra do Senhor: «Que fazes aí, Elias?» (1Re19)

Não devemos ter medo de partilhar as nossas emoções, os nossos sentimentos. Ultimamente assumo que ando muito cansado e até mesmo tristonho. Porquê? Não consigo responder a esta simples pergunta. Faz parte da minha personalidade. Algumas vezes refugio-me em mim, no meu silêncio, e não consigo perceber o que tenho.
Hoje a partir de uma passagem do livro dos Reis, e com a ajuda de alguns textos de apoio saiu esta reflexão.
Pode ser a tua voz que me envolve quando, no silêncio, sinto que não estou só.
Quando estremecem as minhas entranhas por ver a imagem dolorosa de alguém que sofre, e no meu íntimos ressoa: “é teu irmão”.
É essa emoção que em alguns momentos me leva a pensar no teu evangelho.
É esta inquietude que me impede fechar os olhos diante do mal, ainda que por vezes quisesse fazê-lo ou esquecer-me de tudo.
A alegria sensível, que por vezes faz com que se dissipem as trevas em que eu mesmo me encontro.
A Tua presença acompanha-me.
É esse espírito que me dá forças quando estava a ponto de render-me.

Alguma vez senti Deus, presente, a partir do meu silêncio?

Tenho na minha vida espaço para rezar?

Thursday, November 09, 2006



"Senhor quando é que te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando é que te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’" Mt. 25

No seguimento do anterior…

Às vezes não me dou conta da como me falas em mil detalhes: o “como estás?” cheio de carinho dos meus pais ao telefone.
O “vamos” de um amigo que me vê abatido, e me quer fazer que não estou só.
O “por favor” de quem me pede ajuda e recorda-me que que sou válido.
O “oxalá” de quem partilha comigo os seus desejos, os seus sonhos, e assim de forma simples me desafia a acreditar e a sonhar.
O riso jovial e despreocupado de quem, por um momento, me contagia com a sua alegria.
A poesia que me sugere a beleza da tua criação.
O protesto de quem denuncia o injusto, e ao fazê-lo recorda-me a tua mensagem de Bem-aventurança.
Em tantas outras me falas….

Em que palavra me fala Deus?...

Saturday, November 04, 2006

A leitura do evangelho deste fim de semana questiona-me profundamente.
Desafia-me a escutar…
Escuta Israel…
Dou por mim a falar sozinho…
Como falas? Em que língua falas? Em que tom? De que forma? A tua palavra é uma história, ou são coisas que outros dizem? É o que está escrito ou é o que traz o vento? És sussurro ou um vendaval? Falas com uma linguagem eterna, ou de maneiras sempre novas? Quero escutar a tua voz, que me envolve e me ilumina. Que me fale tão fundo que eu não te siga sentado. Que essa voz, no meu interior, se converta em bandeira e em refúgio, em motivo e juramento…

O que é que Deus me pede hoje?
Deixo também o texto de evangelho para meditação.
Aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe:
«Qual é o primeiro de todos os mandamentos?»
Jesus respondeu:
«O primeiro é este:
‘Escuta, Israel:
O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’.
O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’.
Não há nenhum mandamento maior que estes».
Disse-Lhe o escriba:
«Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele.Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios».
Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe:
«Não estás longe do reino de Deus».
E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.

Saturday, October 21, 2006

Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe:
«Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir».
Jesus respondeu-lhes:
«Que quereis que vos faça?»
Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».
Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis.
Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?»
Eles responderam-Lhe: «Podemos».
Então Jesus disse-lhes:
«Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado.
Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».
Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós: Quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
Mc 10,35-45


Bolas é muito difícil ser coerente. Ás vezes pergunto-me se serve para alguma coisa ser coerente! Tendo a viver com distintos horizontes, distintas lógicas… às vezes sinto-me bem-aventurado, e outras sinto uma enorme revolta. Às vezes creio em ti até ao mais íntimo, e outros momentos nem me recordo de ti. Há ocasiões em que as minhas acções me falam de ti, e outras negam-te. Como viver Senhor, com a tua estranha lógica? Como atrever-me a afirmar-te sempre, na vida, em tantas ocasiões? Como tornar-te parte das minhas opções, do meu trabalho, das minhas relações, do meu ócio, dos meus desejos e dos meus projectos?

Mais um desafio amigos, para mim e para vós, todos vamos na mesma barca.

Há dimensões da minha vida nas quais Deus está ausente? (ou nas quais não poderia entrar?)Alguma vez o evangelho me colocou em encruzilhadas difíceis?

Quero subir com Jesus a Jerusalém?

Vamos participar com alegria e esperança…

Monday, October 16, 2006

O tempo, não deixa de me surpreender.


Ao fim de um dia estranho, cansativo, enervante, cai-me à frente dos olhos um livro de onde retiro este pensamento que partilho convosco.

O tempo, não deixa de me surpreender.

Não me permite prender-me, adaptar-me, fechar os olhos aos rostos novos, histórias diferentes, sonhos que surgem.
Deus fala-me a partir dos problemas que surgem pela primeira vez, a partir dos novos passos da minha história.
A partir dos rostos que aparecem agora na minha vida. A partir da lições que tenho aprendido ultimamente. A partir do meu último equivoco. A partir de um livro que desperta em mim emoções e uma proposta que me convida a avançar em terrenos desconhecidos.

Deus está aí. Chama-me, diz-me, espera-me.
O que há de novo na minha vida ultimamente?
O que é que ultimamente, me tem falado de Deus?
Tens a coragem de responder a estas simples questões e partilha-las comigo (connosco)…
Coragem….
Ah! Obrigado pelos comentários ao post anterior

Tuesday, October 03, 2006

A vida não acaba apena se transforma...

Ao pensar um pouco no evangelho, proposto para a liturgia de hoje, (Jesus sobe para Jerusalém, lugar onde vai morrer, por nós), vieram-me ao pensamento umas palavras de S. Bernardo, um monge cisterciense e doutor da Igreja do século XII.
A propósito da nossa caminhada, peregrinação, para o fim último que é Deus, diz S. Bernardo: “já iniciaste a caminhada para a cidade onde habitareis, não avanceis por bosques, mas pela estrada”. Esta via pode parecer longa, e trazer menos consolações, ou ao olhar para a longevidade da estrada a percorrer se sintam conquistados por uma falta de coragem espiritual, e percam a esperança de conseguir suportar tantas dores. Deus nunca falta com as suas consolações, aos que ele elege.
Continua o venerável santo: “é certo que, actualmente, estas consolações ainda não lhes dadas senão à medida das suas penas; uma vez, porém, atingida a felicidade, não serão já consolações, mas delícias sem fim que encontraremos à direita de Deus (Sl 15, 11). Desejemos esta direita, irmãos, que nos alcança todo o nosso ser. Ansiemos ardentemente por esta felicidade, para que o tempo presente nos pareça breve (como de facto é) em comparação com a grandeza do amor de Deus. Os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a glória que há-de revelar-se em nós (Rom 8, 18). Promessa feliz, por cujo cumprimento devemos esperar com todo o nosso coração!”
Hoje proponho-te um simples exercício:
Que pensas acerca do final da tua vida?
Que sentimentos experimentas quando pensas que um dia a tua vida vai ter um fim (entenda-se fim terreno)?
Ânimo amigo(a).

Friday, September 22, 2006


O evangelho de hoje, trouxe-me à memória um texto de João Paulo II: Mulieris Dignitatem, § 16
O facto de ser homem ou mulher não comporta nenhuma limitação, tal como não limita em absoluto a acção salvífica e santificante do Espírito no homem o facto de ser judeu ou grego, escravo ou livre, segundo as palavras bem conhecidas do apóstolo: «todos vós sois um só em Cristo Jesus» (Gál 3, 28). Esta unidade não anula a diversidade. O Espírito Santo, que opera essa unidade na ordem sobrenatural da graça santificante, contribui em igual medida para o facto de que se «tornem profetas os vossos filhos» e se tornem profetas «as vossas filhas» (Jl 3,1). «Profetizar» significa exprimir com a palavra e com a vida «as grandes obras de Deus» (cf. At 2, 11), conservando a verdade e a originalidade de cada pessoa, seja homem ou mulher. A «igualdade» evangélica, a «paridade» da mulher e do homem no que se refere às «grandes obras de Deus», tal como se manifestou de modo tão límpido nas obras e nas palavras de Jesus de Nazaré, constitui a base mais evidente da dignidade e da vocação da mulher na Igreja e no mundo. Toda vocação tem um sentido profundamente pessoal e profético. Na vocação assim entendida, a personalidade da mulher atinge uma nova medida: a medida das «grandes obras de Deus», das quais a mulher se torna sujeito vivo e testemunha insubstituível.

Thursday, September 14, 2006

Transcrevo um pequeno trecho de Jean Tauler, dominicano, a propósito da festa que hoje celebramos:
«Hoje é o dia da Exaltação da Santa Cruz, cruz que merece o nosso amor, da qual esteve suspenso por amor o Salvador do mundo inteiro. Nosso Senhor disse: "Quando for elevado da terra, atrairei tudo a mim". Com isso ele quer dizer que quer atrair a si os nossos corações terrestres que estão possuídos pelo amor das coisas deste mundo; quer atrair a si a sede que temos dos prazeres e das satisfações da terra. A nossa alma, bela e orgulhosa, retida pelo gozo que tira de si mesma, pelo amor da satisfação material da nossa sensibilidade, quereria ele atraí-la totalmente - sim, para que seja assim elevado em nós e cresça em nós e nos nossos corações. Porque, para aqueles para quem Deus nunca foi grande, todas as coisas criadas são pequenas e as coisas passageiras são como nada.Esta bela cruz é Cristo crucificado elevado de forma inimaginável, bem acima de todos os santos, de todos os anjos, acima das alegrias, delícias e felicidades todas juntas. E, como a sua verdadeira morada é no mais alto dos céus, ele quer habitar no que há de mais alto em nós, isto é, no nosso amor e nos nossos sentimentos mais elevados, mais íntimos, mais delicados. Quer atrair os aspectos mais simples do nosso espírito e da nossa alma aos aspectos mais eminentes e até ele elevar tudo isso. Se o fizermos, atrair-nos-á também para a sua morada mais elevada e mais íntima... Tanto quanto eu lhe der agora o que me pertence, tanto ele me dará o que lhe pertence a ele.»

Thursday, July 20, 2006

Ando a ganhar coragem para reler a História de uma alma. Entretanto partilho convosco esta linda oração de Santa Teresa do Menino Jesus. Ah… e quem ainda não leu a história de uma alma ganhe coragem como eu e aproveite as férias para pensar um pouco na vida, através da História de uma Alma de Santa Teresinha.
Oração Nº 20
Ó Jésus! quando éreis Peregrino na terra dissestes: «Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e achareis descanso para as vossas almas». Ó Poderoso Monarca dos Céus, sim, a minha alma acha o descanso ao ver-Vos, sob a forma e a condição de escravo (Flp 2,7), abaixar-Vos ao ponto de lavardes os pés aos apóstolos. Lembro-me então destas palavras que pronunciastes para me ensinardes a praticar a humildade: «Dei-vos o exemplo para que, aquilo que Eu vos fiz, o façais vós também; o discípulo não é mais do que o Mestre... Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes ao praticá-las» (Jo 13,15-17). Compreendo, Senhor, estas palavras saídas do Vosso Coração manso e humilde; quero praticá-las com o auxílio da Vossa graça. Quero abaixar-me humildemente e submeter a minha vontade à das minhas Irmãs, sem as contradizer em nada e sem procurar saber se elas têm ou não o direito de me dar ordens. Ninguém, ó meu Bem-amado, tinha esse direito em relação a Vós e no entanto obedecestes não apenas à Santíssima Virgem e a S. José, mas também aos Vossos algozes. Agora é na Hóstia que Vos vejo atingir o cúmulo dos Vossos aniquilamentos. Com que humildade, ó Divino Rei de glória, Vos submeteis a todos os Sacerdotes sem fazer qualquer distinção entre os que Vos amam e os que, desgraçadamente, são tíbios e frios no Vosso serviço. Ó meu Bem-amado, que doce e humilde de coração me apareceis sob o véu da branca Hóstia!... «Ó Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao Vosso!» (Mt 11, 29).

Monday, July 03, 2006

Gosto de ler e apreciar o Cardeal Carlo Maria Martini, transcrevo um pequeno trecho que achei interessante, para meditar em tempo de férias, para quem as tem, mas…, mesmo quem ainda não está de férias, como é o meu caso, faz bem pensar nisto…
A paz é a sensação de estar em casa. Ser operadores de paz significa construir relacionamentos serenos e normais. Não é preciso ser político de profissão para o fazer. Todos os dias, cada um de nós pode ajudar a simplificar as coisas, a arredondar as arestas, a atenuar os conflitos. Como seria diferente a nossa sociedade.

Monday, June 19, 2006

É urgente aprender a amar...

Viver de Amor, é dar sem medida
Sem reclamar salário aqui na terra.
Ah ! sem contar eu dou-me bem segura
De que, quando se ama, não se conta !...
Ao Coração Divino, transbordante de ternura
Dei tudo... ligeiramente eu corro
Nada tenho senão a minha única riqueza
Viver de Amor.

Viver de Amor, é dissipar o medo
Afastar a lembrança das faltas do passado.
Dos meus pecados não encontro vestígios,
Num breve instante o amor queimou tudo.
Chama divina, ó dulcíssima Fornalha!
No teu centro fixo a minha morada
É no teu fogo que eu canto alegremente:
«Vivo de Amor!...»

«Viver de Amor, que estranha loucura !»
Diz-me o mundo, «Ah! cessa de cantar,
«Não percas os teus perfumes, a tua vida,
Aprende a empregá-la utilmente!...»
Amar-te, Jesus, que perda fecunda!...
Todos os meus perfumes são teus para sempre,
Quero cantar ao sair deste mundo:
«Morro de Amor!»


Amar é dar tudo e dar-se a si mesma.

Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja Poesia 17 «Viver de Amor»

Nota: para além de comentar, claro, pode sublinhar a frase que lhe diz mais, ou diz alguma coisa...

Monday, June 12, 2006

Olá, tenho andado distante de tudo e de todos e até mim próprio. Hoje ao celebrar a eucaristia dei por mim a meditar nesta bem-aventurança: "Felizes os puros de coração: porque verão a Deus".
Nós queremos ver Deus, procuramos vê-lo, desejamos ardentemente vê-lo.
Quem não tem esse desejo?
"Felizes os puros de coração: porque verão a Deus".
Age de forma a que o vejas.
Comparando com as realidades materiais, como quererias contemplar o sol nascente com olhos doentes?
Se os teus olhos estiverem sãos, essa luz será para ti um prazer; se estiverem doentes, será para ti um suplício.
Certamente que não te será permitido ver com um coração impuro o que só se pode ver com um coração puro.
Serás afastado, desviado; não verás.
Quantas vezes é que o Senhor proclamou homens "felizes"?
Que motivos de felicidade é que ele citou, que boas obras, que dons, que méritos e que recompensas?
Nenhuma outra bem-aventurança afirma: "Eles verão a Deus".
Eis como são enunciadas as outras: "Felizes os pobres em espírito: porque deles é o Reino do Céu. Felizes os mansos: porque possuirão a terra prometida. Felizes os que choram: porque serão consolados. Felizes os que têm fome e sede de justiça: porque serão saciados. Felizes os misericordiosos: porque alcançarão misericórdia".
Portanto, nenhuma outra afirma: "Eles verão a Deus".
A visão de Deus é prometida quando se trata de homens de coração puro. E não é sem razão, porque os olhos que permitem ver Deus são os olhos do coração.É desses olhos que fala o apóstolo Paulo quando diz: "Possa ele iluminar os olhos do vosso coração" (Ef 1,18). No tempo presente, esses olhos, por causa da sua fraqueza, são iluminados pela fé; mais tarde, por causa do seu vigor, serão iluminados pela visão. "Vemos actualmente uma imagem obscura, como que num espelho; nesse dia, veremos face a face" (1 Co 13,12).

Thursday, June 08, 2006

Retalhos da vida de um padre...

Nestes últimos três anos tivemos bastantes problemas económicos, devido à crise económica que o nosso país vive. Para mim está a ser uma verdadeira prova de fogo. Vim diminuir o trabalho e as entradas serem cada vez menos exíguas. Comecei a chamar os meus clientes, para apresentarmos novos projectos com orçamentos melhores, mais baixos, por isso mais acessíveis, mas não chegavam mais encomendas.
Que fazer?
Em casa reduzi cada vez mais as despesas, procurando viver com menos.
Aprendi a adormecer apesar das dívidas, a estar mais com os meus filhos para que não lhes pesasse tanto a situação.
Recomecei a rezar, a pedir, com fé, ajuda ao céu.
A economia de Deus é diferente da nossa.
O Evangelho diz: “Dai e dar-se-vos-á” e nós verificamos isto na nossa pele todos os dias, das coisas mais pequenas até às maiores. Entretanto, fazemos todo o possível, recolher jornais, cartão, embalagens e garrafas de vidro para vender; as crianças fazem saquinhos de doces para vender, etc. No nosso bairro muitas pessoas batem à porta pedindo alguma coisa e por vezes demos a única coisa que tínhamos. Uma vez, a minha mulher ofereceu um quilo de arroz e na mesma tarde recebemos 2 quilos de lentilhas…
As crianças também recebem roupas e brinquedos.
Um dia chegou-nos um carro, deixado em frente à porta da nossa casa por uma vizinha que nos disse: “disponham dele, pagam-nos como puderem”.
Assim, de carro, pudemos levar a nossa terceira filha, nascida com a síndrome de Down, a fazer os tratamento necessários…

E fico por aqui hoje… mas antes partilho um pensamento de Óscar Romero: que belo será o dia em que, numa sociedade nova, em vez de acumular e guardar egoisticamente, se distribua, se partilhe e se divida, e todos se alegrem porque nos sentimos filhos do mesmo pai! Este é o projecto de Deus.

Saturday, June 03, 2006

Com a argila fazem-se as cantarinhas. Mas é o seu vazio que acolhe a água. Com madeira fazem-se as janelas, mas é o vazio delas que torna luminosa a casa.
Assim, se aquilo que se vê é útil, o essencial permanece invisível.
Que os Espírito Santo, invisível aos nossos olhos humanos e por vezes muito distraídos, nos liberte do pecado e encha a nossa vida dos seus dons: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência e piedade.

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou Se no meio deles e disse lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse lhes de novo: «A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».

Jo. 20, 19-23

Thursday, June 01, 2006

Porque hoje é dia mundial da criança...


Existia um ilustre pensador na minha terra, que aproveitava tudo para penetrar na profundidade do pensamento e da vida. É um grande filósofo do país.
Apaixonado pela verdade, esta resistia-lhe, fugindo-lhe das mãos como uma enguia.
Por isso, quase já tinha renunciado a tanta procura e contentava-se em encontrar sentido para esta vida. “Quem sou eu e para que vivo”?
Nem as suas reflexões nem os seus debates com outros sábios o levaram muito longe. Nem sequer chegou a conclusões.
Uma tarde, enquanto a sua filha, de apenas cinco anos, brincava, o insigne pensador, entre o distraído e o carinhoso, quase maquinalmente, perguntou-lhe: “E tu, querida filha, sabes porque é que estás na terra”? A criança, sem pensar e sem sequer hesitar respondeu de imediato: “Para te amar papá, muito, muito…”.
Aprendamos a amar e descobriremos o verdadeiro sentida da nossa vida...

Tuesday, May 30, 2006



A alma não teria arco-íris se os olhos não tivessem lágrimas…

John Vance

Saturday, May 27, 2006

Esta manhã fui acordado por uma notícia inesperada.
Um rapaz de 24 anos, ontem à noite foi encontrado morto na linha do comboio. Não o conhecia, mas conheço os pais e a irmã, de quem sou particularmente amigo.
Esse acontecimento faz-me pensar uma frase que um dia li, e que nunca mais esqueci. É de Freud. Perguntam a Freud quando é que uma pessoa está madura. Ele responde: “A pessoa madura ama e trabalha em liberdade”.
Não basta ter um mundo afectivo para ser maduro. O que conta é a qualidade do amor, e esta depende do grau de liberdade interior com que se vivem as relações interpessoais. Não basta ser eficiente. A nossa sociedade gera muita gente activa, mas ansiosa, que, pelo trabalho, foge dos seus conflitos latentes.
Agora não basta chorar o passado: o que se fez ou o que se devia ter feito, mas sim olhar o futuro. Acreditamos que Deus é amor, misericórdia e por isso já acolheu este irmão na sua glória, a nós que ficamos e sentimos a saudade, sofremos o vazio da ausência, é nos pedido, que vivamos os nossos conflitos latentes com a ajuda e a graça do Senhor. Também este facto nos deve ajudar a celebrar melhor a Ascensão do Senhor. O Senhor vai à nossa frente para nos abrir o caminho, acompanhê-mo-lo...
Bom Fim-de-semana a todos…

Naquele tempo, Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes:
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.
Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.

Mc.16, 15-20

Wednesday, May 24, 2006

O meu areópago...


No Evangelho de hoje encontramos uma das seis tarefas que Jesus atribui ao Espírito Santo: conduzir os discípulos à verdade plena.
Como falar hoje do espírito Santo a um mundo vazio de espírito? Rico de matéria e submerso na incredulidade…
Para Paulo também não foi fácil falar de Deus aos atenienses. Recordo com saudade a viagem que fiz a este espaço no verão passado, onde me coube a mim ler esta passagem.
Paulo foi original, partiu da inscrição do altar: “ao Deus desconhecido”, e depois centrou o seu testemunho no conhecimento de Deus em quem vivemos, nos movemos e existimos.
Hoje, nós que somos Seus discípulo/a(s), devemos também estar atento/a(s) para descobrirmos em que nível, em que grau de conhecimento de Deus se encontram o/a(s) nosso/a(s) irmãos e irmãs.
No mundo onde nos movimentamos, frequentemente, a acreditamos num Deus que fazemos à nossa medida, nivelando o Seu pensar com nosso, as Suas razões com as nossas.
Todos sabemos muitas coisas de Deus; inclusive, falamos muitas coisas acerca Dele, mas de uma forma superficial, passamos ao lado do que Deus quer: que O conheçamos, que saboreemos o Seu amor pessoal por cada um e cada uma de nós, e que vivamos com filhos e filhas profundamente amado/a(s) por Ele.
E que tal pensar um pouco nisto hoje…



De pé, no meio do Areópago, Paulo disse, então:«Atenienses, vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens.
Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos monumentos sagrados, até encontrei um altar com esta inscrição: ‘Ao Deus desconhecido.’ Pois bem! Aquele que venerais sem o conhecer é esse que eu vos anuncio.O Deus que criou o mundo e tudo quanto nele se encontra, Ele, que é o Senhor do Céu e da Terra, não habita em santuários construídos pela mão do homem, nem é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa, Ele, que a todos dá a vida, a respiração e tudo mais. Fez, a partir de um só homem, todo o género humano, para habitar em toda a face da Terra; e fixou a sequência dos tempos e os limites para a sua habitação, a fim de que os homens procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo, mesmo tacteando, embora não se encontre longe de cada um de nós. É nele, realmente, que vivemos, nos movemos e existimos, como também o disseram alguns dos vossos poetas:‘Pois nós somos também da sua estirpe.’

Actos 17, 22...

Tuesday, May 23, 2006

Hoje partilho apenas esta linda meditação do Cardeal Newman:
Meu Deus, eterno Paráclito, adoro-Te, Luz e Vida. Poderias ter-Te limitado a enviar-me de fora bons pensamentos, para além da graça que os inspira e os realiza; poderias conduzir-me pela vida dessa maneira, limitando-Te a purificar-me, pela Tua acção interior, no momento da minha passagem para o outro mundo. Na Tua compaixão infinita, porém, entraste na minha alma desde o começo, dela Te apossaste, dela fizeste o Teu templo. Pela Tua graça, habitas em mim de modo inefável, unindo-me a Ti e a toda a assembleia dos anjos e dos santos. Mais ainda, estás pessoalmente presente em mim, não apenas pela Tua graça, mas pelo Teu próprio ser, como se, mantendo embora a minha personalidade, eu fosse de alguma maneira absorvido em Ti, a partir dessa vida. E, como quiseste mesmo apossar-Te do meu corpo, na sua fraqueza, ele se tornou igualmente templo Teu (1 Cor 6, 19). Verdade espantosa e temível! Ó meu Deus, creio que assim é, sei que assim é!
Poderei pecar, estando Tu tão intimamente comigo? Poderei esquecer Quem está comigo, Quem está em mim? Poderei expulsar o hóspede divino por via daquilo que Ele abomina mais do que tudo, da única coisa que pode ofendê-Lo, da única realidade que não é Sua? […] Meu Deus, possuo uma dupla segurança contra o pecado: a primeira é o temor de semelhante profanação, na Tua presença, de tudo quanto és em mim; a segunda é a confiança de que essa mesma presença me protegerá do mal. […] Nas provas e na tentação, chamarei por Ti. […] Graças a Ti, nunca Te abandonarei.
Cardeal John Henry Newman

Monday, May 22, 2006

Quando compreender o amor, então aprenderei a amar…

Este Fim-de-semana foi para mim muito agitado.
Celebramos na cidade a Bênção dos Finalistas do Politécnico. Sou o responsável por esse sector da pastoral, por isso imaginem como foi, uma correria, mas tudo bem, correu bem, graças a Deus. Os estudantes portaram-se bem… Como sempre.
Hoje ecoam ainda em mim as palavras do evangelho deste domingo: Permanecei no meu amor… Sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando - Amai-vos uns aos outros como eu vos amei…
O senhor dá-nos um mandamento novo: o do amor mútuo e gratuito. Novo porque acrescenta: como eu vos amei… E ao acrescentar como eu vos amei distingue-o do amor natural. Isto é, um amor que nasce em Deus e que é derramado nos nossos corações, e que nos capacita a amarmos como Ele amou. É um amor que nos renova, que faz de nós homens novos, herdeiros da nova aliança.
A capacidade de amarmos sem medida e gratuitamente não está apenas dependente das nossas capacidades de amar mas sim do permanecermos no seu amor. É d’Ele que nos vem a força e a capacidade de amarmos como ele nos amou.
Como diz Luigi Giussani “A lei da vida não é ter isto ou aquilo, mas é amar. Tanto é verdade que foi precisamente o amor que gerou o mundo e que criou a história com um significado”.
Boa semana para todos


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».
(Jo 15, 9-17)

Saturday, May 20, 2006

Criminosos, assassinos, vítimas, inocentes…

Fiquei deveras admirado, quando na quinta-feira, enquanto jantava, a correr como sempre, ia dando uma espreitadela no noticiário, de um dos canais televisivos.
A certa altura aparece uma reportagem acerca da reabertura da Praça de Touros do Campo Pequeno, agora restaurada.
À porta uma enorme manifestação, pelo que me apercebi, organizada por uma associação de defesa dos direitos dos animais.
De tanto barulho, gritaria, raiva, sobressaía uma palavra: assassinos!..., criminosos!...
Todos temos direito à livre expressão.
Mas pergunto-me são assassinos, os toureiros, os bandarilheiros, certamente os aficionados, etc.?…
Quem gritava eram sobretudo mulheres, uma até foi focada de frente, da sua boca saía uma raiva mortífera…
Quantas daquelas que ali gritavam não provocaram livremente aborto? Sim digo livremente aborto… essas o que são? Vítimas, inocentes…
Como somos cobardes, gritamos, melhor, berramos a favor daquilo que Deus criou para serviço do homem e portando também deve ser respeitado, e ignoramos o essencial. Os inocentes, que não têm voz, que vivem silenciosamente no ventre materno. Somos a obra essencial, prima das mãos de Deus. Somos o centro da criação.
Invertemos tudo, até a ordem de valores.
Onde queremos parar?
Desculpem-me o desabafo….

Friday, May 19, 2006

A propósito do mandamento novo…



«É este o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei»

Encontrei este texto de São Clemente de Roma que não podia deixar de partilhar convosco.
Diz São Clemente: quem possui o amor de Cristo cumpre os mandamentos de Cristo. Quem pode descrever o «vínculo da caridade divina» ou narrá-lo? Quem pode exprimir a magnificência da sua beleza?
A altura a que nos leva a caridade é inexprimível. A caridade une-nos a Deus; a caridade «cobre a multidão dos pecados»; a caridade tudo aceita, tudo suporta com paciência. Nada há de indigno na caridade, nada de soberbo nela. A caridade não admite divisões, não promove discórdias, tudo realiza em perfeita harmonia. Na caridade encontram a perfeição todos os eleitos de Deus e, sem ela, nada é agradável a Deus. Pela caridade o Mestre atraiu-nos a Si. Pela sua caridade para connosco, Jesus Cristo nosso Senhor, segundo a vontade divina, derramou o Seu Sangue por nós, imolou a Sua Carne para redimir a nossa carne, deu a Sua Vida para salvar a nossa vida.
Neste final de semana vale a pena pensar um pouco como vai a nossa caridade…

Thursday, May 18, 2006


Como todos sabemos Sócrates era um filósofo grego. Na Grécia Antiga, Sócrates possuía elevada reputação e era muito estimado pelo seu elevado conhecimento, cultural, cientifico e como não podia deixar de ser filosófico.
Um dia, um conhecido do grande filósofo aproximou-se dele e perguntou-lhe:– Sócrates, sabes o que acabei de ouvir acerca de um amigo teu?
– Espera um minuto, respondeu Sócrates! Antes de me dizeres o que quer que seja, gostava de te fazer um teste. Chama-se o "teste do filtro triplo."
– O que é isso do filtro triplo?
– Escuta, continuou Sócrates, antes de me falares do meu amigo talvez fosse uma boa ideia parares um momento e filtrares aquilo que me vais dizer. Por isso lhe chamei o filtro triplo...
...e continuou ainda: O primeiro filtro é VERDADE: tens a certeza absoluta de que aquilo que me vais dizer é indiscutivelmente verdadeiro?
– Não, disse o homem... acontece que eu ouvi dizer que...
– Então, disse Sócrates, não sabes se é verdade. Passemos ao segundo filtro, que é BONDADE: o que me vais dizer sobre o meu amigo é bom?
– Não, muito pelo contrário...
– Então, continuou Sócrates, queres dizer-me algo mau sobre ele e não sabes se é ou não verdadeiro. Mas, vá lá, pode ser que ainda passes no terceiro filtro. O último filtro é UTILIDADE: o que me vais dizer sobre o meu amigo será útil para mim?"
– Não, acho que não...
– Bom, concluiu Sócrates, se o que me vens dizer não é bom, nem útil e muito menos sabes se é verdadeiro, para quê dizeres-me?"

É assim a vida, todos os dias acontece isto, me vêm com histórias de amigos meus… mas o pior é que eu também faço o mesmo…
Já pensaste nisso?

Wednesday, May 17, 2006



É uma lei da vida humana, tão certa como a da gravidade: para vivermos plenamente, precisamos de aprender a usar as coisas e a amar as pessoas… não a amar as coisas e a usar as pessoas…

Tuesday, May 16, 2006

Hoje encontrei uma senhora, mãe de dois filhos, disse-me coisas encantadoras do filho mais velho: estudioso, limpo, educado, sempre atento à família, enfim atinadinho… este meu filho é o retrato vivo do pai…
De repente apareceu o filho mais novo, este padre, não estuda, é birrento, caprichoso, preguiçoso, refilão, e muito mais coisas que agora não me recordo, e terminou a adjectivação do filho mais novo dizendo, não sei a quem terá saído este menino…
O filho farto de tanta comparação, ofensiva e humilhante, furioso e irónico, disse Sabes mamã, estou tão orgulhoso de ti que gostaria que pelo menos alguma vez dissesses que sou o teu retrato vivo…

Monday, May 15, 2006

Família...

A família é lugar de esperança. Apesar de tudo é a melhor garantia de salvaguarda dos valores pessoais. É o correctivo mais válido para as deformações do mundo tecnificado, racionalista, massificado, violento e nada acolhedor. É a possibilidade mais digna para a expressão: amor, emoção, relação interpessoal.
Esta família está doente, é preciso cura-la, salva-la.
É preciso redescobrir o significado da palavra amor. Ai poderá estar o início da cura.
A família nasce de uma esperança na qual a promessa de fidelidade no amor arrancará ao futuro a sua imprevisibilidade. Cresce na esperança de que as dificuldades não são mais do que a expressão de «um ainda não», à procura de plenitude, tentando resistir a considerar facilmente como «um nunca mais».
A família culmina na esperança de que a obra cumprida em fidelidade seja considerada como garantia de uma plenitude, pela qual se suspirou desde sempre…

Saturday, May 13, 2006

O mal existe?


Bom, então cá vai mais uma história, desejo que ajude...
Um professor universitário desafiou os seus alunos com esta pergunta:
“Deus criou tudo o que existe?”
Um aluno respondeu valentemente: Sim, fez…
Deus criou tudo?, perguntou novamente o professor
Sim senhor, respondeu o jovem.
O professor respondeu, “Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e partindo do preceito de que as nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau"
O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, regozijava-se de ter provado mais uma vez que a fé era um mito.
Outro estudante levantou a mão e disse:
Posso fazer uma pergunta, professor?
Sim pode, faça favor…
O jovem ficou de pé e perguntou: professor, existe o frio?
Que pergunta é essa?
Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?
O rapaz respondeu:" De facto, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objecto é susceptível de estudo quando possui ou transmite energia, é o calor que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever os nossos sentimentos quando não sentimos calor "
E, existe a escuridão? Continuou o estudante.
O professor respondeu: Existe.
O estudante respondeu: Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz.
“A luz pode estudar-se, a escuridão não, até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas. A escuridão não. Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz. Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim professor? Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente”
Finalmente, o jovem perguntou ao professor:
Senhor, o mal existe?
O professor respondeu: Claro que sim, lógico que existe, como disse desde o começo, vemos crimes e violência por todo o lado, essas coisas são do mal.
Ao que o estudante respondeu: O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência de Deus, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever essa ausência de Deus.
Deus não criou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.
Então o professor, depois de balançar a cabeça, ficou calado
O nome do jovem era...
ALBERT EINSTEIN.

Friday, May 12, 2006

Depois do post de ontem vejam lá o que me aconteceu…
Estava eu a paramentar-me (vestir as vestes litúrgicas) para celebrar a eucaristia, 7:55H, mais coisa, menos coisa, entra pela sacristia dentro alguém a pedir para conversar comigo. Fico extremamente nervoso quando isto acontece, gosto que os 10m que antecedem a celebração sejam de concentração. Assim dou a imagem de alguém que sabe o que quer e o que faz. Mas não é assim… Disse à pessoa que agora não podia, estava em cima da hora. Entretanto ia-me paramentando sem olhar muito directamente para a pessoa. A pessoa foi falando e desabafando, de que a sua filha não podia ir ao encontro de preparação para o sacramento da confirmação, que se realiza no próximo sábado. Eu, sempre a despachar e todo mordido por dentro lá fui dizendo que não concordava e que ela é que sabia, pois já era crescida para assumir as consequências das opções tomadas. Não escutei esta pessoa, que tinha necessidade de ser compreendida, amada e escutada, e eu não me senti válido, fui apenas um simples funcionário… A pessoa saiu e eu entrei para começar a missa. Durante o exame de consciência inicial dei-me conta do seguinte:
Eu tive uma oportunidade de amar e escutar e não foi esta a minha opção. A minha opção tinha sido outra, a de não me chateie, diga rápido o que quer e siga o seu caminho, não escutei, por isso não compreendi.
Só posso ser feliz quando escutar com o coração. Quanto perceber com o coração aquilo que o outro me diz, não o que eu quero ouvir, ou o que julgo que tem que ser, mas o que de facto o outro tem para me dizer, sem julgar. Assim sentir-me-ei amado pertença, válido, caso contrário não passará de mais um momento de revolta, de frustração...
Como é difícil amar, compreender e escutar…
Que Deus nos ajude!

Thursday, May 11, 2006


Agora, deu-me para contar histórias, podia ser para pior, deve ser influência da proximidade com os miúdos da catequese. Para quem não sabe sou responsável pela catequese da Paróquia.
Então cá vai mais uma história...

Como todas as Histórias, esta não podia de deixar de começar... Era uma vez um menino chamado João. João tinha apenas cinco anos, a professora do jardim de infância, pediu aos meninos que fizessem um desenho sobre uma coisa que eles amassem.
João desenhou a sua família...
Depois, desenhou um grande círculo, com um lápis vermelho, ao redor das figuras.
Querendo escrever uma palavra por cima do círculo, ele saiu da sua carteira, foi até à mesa da professora e perguntou-lhe:
Senhora professora, como é que se escreve...?
A professorara não o deixou terminar a pergunta, e disse-lhe: o menino vai já para o seu lugar e não se atreva a interromper mais a aula.
João dobrou o papel e guardou-o no bolso.
Quando regressou a casa, lembrou-se do desenho e tirou-o do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi à mochila, pegou num lápis e olhou para o enorme círculo vermelho.
A sua mãe estava a preparar o jantar, indo e vindo do fogão para a bancada e para a mesa.
Ele queria terminar o desenho antes de o mostrar a ela e perguntou-lhe:
- Mamã, como é que se escreve...?
João! não vês que estou ocupada? Vai brincar lá para fora. E não batas com a porta.
O João dobrou o desenho e guardou-o novamente no bolso.
Nessa noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso.
Olhou para o enorme círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou no lápis.
Ele queria acabar o desenho antes de o mostrar ao pai.
Alisou bem as dobras, colocou o desenho no chão da sala, perto do sofá onde o pai se costumava sentar e perguntou-lhe:
- Papá, como é que se escreve...?
- João! não vês que estou a ler o jornal e que não gosto de ser interrompido? Vai brincar lá para fora e não batas com a porta.
O Joãozinho dobrou mais uma vez o desenho e guardou-o no bolso.
No dia seguinte, quando a mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso das calças do João, enrolados num papel, uma pedrinha, um elástico e dois cromos.
Eram os tesouros que ele tinha guardado enquanto brincara fora de casa.
Ela nem desenrolou o papel e atirou tudo para o lixo.
Os anos passaram... e muitos dias iguais a estes se seguiram...
Entretanto o João cresceu e casou...
Quando João tinha 28 anos, a sua filha de cinco anos, a Ana fez um desenho.
Era o desenho da sua família.
O pai sorriu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e disse:
- Este és tu, Papá!
A menina sorriu também...
O pai olhou para o enorme círculo vermelho feito por ela, ao redor das figuras e demoradamente, passou os dedos sobre o círculo.
Ana desceu rapidamente do colo do pai e disse-lhe:
-Eu já venho Papá!
Quando voltou, trazia um lápis na mão.
Voltou a sentar-se nos joelhos do pai, pôs a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou:
- Pap! como é que se escreve AMOR?
Ele abraçou a filha, pegou-lhe na mãozinha e conduziu-a devagar, ajudando-a a escrever as letras, enquanto lhe dizia:
AMOR, querida, AMOR escreve-se com as letras T, E, M, P, O.

Wednesday, May 10, 2006





Ontem o Carlos, contou-me esta história que vou tentar reproduzir aqui:
A vida não é mais do que uma viagem de comboio: repleta de embarques e desembarques, salpicada por acidentes, surpresas agradáveis em algumas estações…
Ao nascer, subimos para o comboio e encontramo-nos com algumas pessoas que acreditamos que estarão sempre connosco nesta viagem: os nossos pais.
Lamentavelmente a verdade é outra.
Eles saíram numa qualquer estação, deixando-nos órfãos do seu carinho, amizade e da sua companhia insubstituível.
Apesar disto, nada impede que entrem outras pessoas que serão muito especiais para nós.
Chegam os nossos irmãos, amigos e esses maravilhosos amores...
De entre as pessoas que apanham este comboio, também haverá quem o faça como um simples passeio.
E outros também, que circulando pelo comboio, estarão sempre prontos para ajudar quem precisa.
Muitos, quando descem do comboio, deixam uma permanente saudade…
Outros passam tão desapercebidos que nem reparamos que desocuparam o lugar.
Às vezes, é curioso constatar que alguns passageiros, que nos são muito queridos, se instalam em noutras carruagens, diferentes da nossa.
Assim, fazemos o trajecto separados deles.
Mas, nada nos impede que, durante a viagem, percorramos a nossa carruagem com alguma dificuldade e cheguemos até eles...
Mas, lamentavelmente, não nos poderemos sentar ao seu lado, pois estará outra pessoa a ocupar o lugar.
Não importa, a viagem faz-se deste modo: cheio de desafios, sonhos, fantasias, esperas e despedidas... mas nunca de retornos.
Então, façamos esta viagem da melhor maneira possível…
Devemos relacionar-nos bem com todos os passageiros, procurando em cada um, o melhor deles.
Recordemos sempre que em algum ponto do trajecto, eles poderão hesitar ou vacilar e, provavelmente, vamos precisar de os entender…
Como nós também vacilamos muitas vezes, sempre haverá alguém que nos compreenda.
No fim, o grande mistério é que nunca saberemos em que estação vamos sair, nem, muito menos, onde sairão os nossos companheiros, nem sequer, aquele que está sentado ao nosso lado.
Fico a pensar se, quando sair do comboio, sentirei nostalgia...
Acredito que sim.
Separar-me de alguns amigos com quem fiz a viagem, será doloroso.
Deixar que os meus filhos sigam sozinhos, será muito triste.
Mas agarro-me à esperança que, em algum momento, chegarei à estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram.
O que me fará feliz, será pensar que colaborei para que a sua bagagem crescera e se tornasse valiosa.
Meu amigo, façamos com que a nossa estadia neste comboio seja tranquila e que tenha valido a pena.
Esforcemo-nos para que, quando chegue o momento de desembarcar, o nosso lugar vazio deixe saudades e umas lindas recordações para todos os que continuam a viagem

Assim termina a história, espero que tenha valido a pena o tempo que paraste nesta estação um bom dia para todos os que aqui entrarem.

Tuesday, May 09, 2006

"As minhas ovelhas escutam a minha voz"


Encontrei este texto da Ir. Teresa de Calcutá que acho fabuloso. Partilho convosco:
Acharás certamente que é difícil rezar se não souberes como o fazer. Cada um de nós deve ajudar-se a rezar: em primeiro lugar, recorrendo ao silêncio, porque não podemos pôr-nos em presença de Deus se não praticarmos o silêncio, tanto interior como exterior. Fazer silêncio dentro de nós mesmos não é fácil, mas é um esforço indispensável. Só no silêncio encontraremos um novo poder e uma verdadeira unidade. O poder de Deus tornar-se-á nosso, a fim de realizarmos todas as coisas como devem ser realizadas; o mesmo no que respeita à unidade dos nossos pensamentos com os seus pensamentos, das nossas orações com as suas orações, das nossas acções com as suas acções, da nossa vida com a sua vida.
A unidade é o fruto da oração, da humildade, do amor.
É no silêncio do coração que Deus fala; se te colocares diante de Deus no silêncio e na oração, Deus falar-te-á. E saberás então que não és nada. Só quando conheceres o teu nada, o teu vazio, é que Deus pode encher-te d’Ele mesmo. As almas dos grandes orantes são almas de grande silêncio.O silêncio faz-nos ver cada coisa com outros olhos. Precisamos do silêncio para tocar as almas dos outros. O essencial não é o que dizemos, mas o que Deus diz, o que Ele nos diz, o que diz através de nós. Nesse silêncio, Ele nos escutará, falará à nossa alma e escutaremos a sua voz.

Sunday, May 07, 2006

Porque hoje é Dia da Mãe...



Mãe! Nome tão doce e santo
Esta palavra diz amor profundo
Deus quis que ela fosse encanto
E a raiz da própria árvore do mundo

Nas horas amargas grandeza assume
Quando sofre uma mãe sem um lamento
Sem uma negação, sem um queixume
Tem na alma o condão do sofrimento

Mãe! Essa virtude a herdaste pela graça
Daquela que sofreu aos pés da cruz
Até que esvaziou o fel da taça
Que amargurou o seu Filho – Jesus

Maria da Piedade Anselmo

Saturday, May 06, 2006

Eu sou o Bom Pastor...

"Eu sou o Bom Pastor
Hoje celebramos o domingo do Bom Pastor…
Todos participamos num grau ou noutro da missão pastoral de Jesus.
Jesus dá-nos pistas para o imitarmos. O seu amor é responsável e delicado: conhece pessoalmente quem trata. Valente: defende-nos ao ponto de colocar em risco a sua vida.
O seu amor é aberto e universal, não se conforma com as(os) de sempre, deseja uma casa de comunhão para todos. É amor, amistoso, fiel, generoso, entregue, libertador...
Às vezes o poder serve para servir-se, não para servir. O verdadeiro pastor é aquele que presta o seu serviço por amor e não por dinheiro. Ele não está apenas interessado em cumprir o contrato, mas em fazer com que as ovelhas tenham vida e se sintam felizes. A sua prioridade é o bem das ovelhas que lhe foram confiadas. Por isso, ele arrisca tudo em benefício do rebanho e está, até, disposto a dar a própria vida por essas ovelhas que ama.
Quando alguém se esvazia totalmente de si mesmo pelos outros, demonstra que toca a Verdade. Convence…
Conhecer no contexto bíblico significa amar.
A entrega está acompanhada de um conhecimento que leva a amar e de um amor que leva a conhecer-se profundamente.
Esta relação de conhecimento-amor é tão profunda que Jesus compara-a à que existe entre Ele e o Pai.
A postura de Jesus diante de quem não o segue ou se desviou do caminho –todos, nalguma ocasião, não é de crítica nem abandono. Há uma confiança espera, um desejo de trazer e atrair.
Não faz nada à força. Jesus actua com total liberdade.
Onde existe amor até ao limite há vida sem limite, pois o amor é força de vida.
Bom Domingo para todos…


Naquele tempo, disse Jesus.
«Eu sou o Bom Pastor.
O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa.
O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor.
Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la.
Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente.
Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai
».

Jo. 10, 11-18

Thursday, May 04, 2006

«Eles serão intruídos pelo próprio Deus»

Como as águas pela blogosféra têm andado um pouco agitadas deixo este texto lindíssimo de Santa Teresa d’ Ávila:

Quando é Deus que suspende e pára o entendimento, Ele dá-lhe o que admirar e de que se ocupar; então, sem raciocinar, recebemos, no espaço de um Credo, mais luz do que poderíamos adquirir em muitos anos com todo o esforço do mundo. Mas querer ligar os poderes da nossa alma e parar a sua actividade, por nós próprios, é uma loucura...
Durante muitos anos, li muitas coisas sem as compreender. Em seguida, passei um tempo considerável sem conseguir encontrar termos para explicar as graças que Deus me concedia, o que constituiu para mim a fonte de muitas penas. Mas quando agrada a Sua Majestade, ela ensina tudo num instante, e de uma forma que me deixa estupefacta. Esta é uma coisa que posso afirmar com toda a verdade. Muitos homens espirituais com quem dialogava procuraram explicar-me os dons que Deus fazia à sua alma, esperando ajudar-me assim a dar-me conta deles. A minha estupidez tornou todos os seus esforços inteiramente inúteis. Talvez que Nosso Senhor o quisesse assim, para ter sozinho todos os direitos ao meu renascimento. Com efeito, foi sempre Ele o meu mestre. Bendito Seja! Mas também, que confusão para mim que uma tal confissão seja a expressão da verdade!... Foi pois sem que eu o tenha desejado ou pedido, que Deus me iluminou num instante e me pôs em estado de o exprimir. Os meus confessores ficaram surpreendidos, e eu mais ainda, porque conhecia melhor a minha incapacidade... Sim, redigo-o agora, é muito importante não elevarmos o nosso espírito antes que Deus o eleve. E quando Ele o faz, compreendemo-lo imediatamente.

Wednesday, May 03, 2006

O qual queres alimentar?


Hoje recebi um email, muito engraçado, que passo a transcrever. Estava em Brasileiro, tentei corrigi-lo para um Português, Português.

Um velho Índio descreveu um dia os seus conflitos internos e dizia:
“Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau, o outro é bom e dócil. Eles estão sempre em conflito”.
Perguntaram-lhe qual dos cachorros ganharia o conflito, o sábio Índio parou, reflectiu e respondeu:
“Aquele que eu alimentar…”

Tuesday, May 02, 2006

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar algumas vezes irritado, mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo. E posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da tua alma. É agradecer a Deus em cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo…
Fernando Pessoa

Saturday, April 29, 2006

Vós sois as testemunhas de todas estas coisas…


Hoje, somos chamados a testemunhar activamente a nossa fé…
Que, significa isso?
De certeza que não significa tornarmo-nos repetidores de palavras ouvidas e aprendidas há muitos anos!
Ao falarmos de testemunhas, falamos de credibilidade e de honestidade.
Não se pode testemunhar honestamente aquilo que se conhece simplesmente por ouvir dizer. A testemunha não é crível a não ser quando fala de coisas que viu e ouviu, enfim, quando fala de coisas que viveu.
Eu só posso testemunhar que Cristo ressuscitou e está vivo se Ele ressurgiu em mim e está vivo em mim. Quando experimento a sua presença e a Sua consolação. Quando me dá força para me abrir aos outros, para perdoar e para viver alegre. Quando isto for uma realidade na minha vida então entenderei que Ele ressuscitou, e estarei à altura de o testemunhar aos outros. Tudo o resto não passa de uma cultura histórica e de eloquência, que não convence, é como se diz na minha terra: parece o sol pálido de Inverno, que ilumina, mas não aquece…

Thursday, April 27, 2006


Aquele que vem do Alto está acima de tudo. Quem é da terra à terra pertence e fala da terra. Aquele que vem do Céu está acima de tudo e dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. Quem aceita o seu testemunho reconhece que Deus é verdadeiro; pois aquele que Deus enviou transmite as palavras de Deus, porque dá o Espírito sem medida. O Pai ama o Filho e tudo põe na sua mão. Quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se nega a crer no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus.
Jo. 3, 31-36

Este é o Evangelho de hoje. Celebrei como sempre às 8h. Este texto rachou-me o coração. Não é aquele que me diz mais, na sagrada escritura, como se uns dissessem mais que outros, coisas mesquinhas da minha parte!
Mas hoje foi como uma seta que trespassou o meu peito, a minha vida a minha história. Tudo isto porque ultimamente, a minha mente tem-se ocupado muito com o material, com o prazer, sei lá mais o que, uma quantidade enorme de pensamentos…
"Quem vive como sendo da terra à terra pertence..." Ainda não descobri profundamente que pertenço a Deus, totalmente…
È um caminha a percorrer, mas ainda me sinto no inicio.
Hoje sinto uma profunda necessidade de encontrar silêncio, recolher-me no meu íntimo, esconder-me espiritualmente para me preservar e fugir aos sentidos, e conceder a mim mesmo um lugar de silêncio e de repouso interior.
É deste repouso interior que se canta: «Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite ia a meio do seu curso, então, a tua palavra omnipotente desceu do céu e do trono real e, como um implacável guerreiro, lançou-se para o meio da terra» (Sab. 18, 14-15):
Foi num profundo silêncio que o Verbo eterno saiu do coração de seu Pai.
É no meio do silêncio, precisamente no momento em que todas as coisas estão mergulhadas no mais profundo silêncio, quando o verdadeiro silêncio reina, que se escuta então, verdadeiramente, este Verbo.
Pois se desejas que Deus fale, precisas silenciar; para que ele entre, todas as coisas devem sair. Eu quero que Ele me fale e entre, decidi fazer silêncio.
Os meus próprios ídolos, é tudo aquilo que me impede que se opere em mim este nascimento eterno, de maneira verdadeira e imediata, por melhor e mais santo que isto possa parecer.
Nosso Senhor Jesus Cristo disse: «Eu vim trazer a espada» (Mt. 10,34) para cortar tudo o que se agarra ao homem.
Pois aquilo que te é mais chegado, eis o teu inimigo: esta multiplicidade de imagens que em ti escondem o Verbo.

Tuesday, April 25, 2006


Hoje celebramos o evangelista e apóstolo São Marcos. Marcos acompanhou Barnabé e Paulo durante a primeira viagem apostólica de ambos, diante do perigo, João Marcos abandona-os para regressar a Jerusalém (Act 13, 13). [.] Depois disto, porém, foi colaborador de São Pedro (1P 5,13), tendo-se mostrado, não apenas um autêntico cristão, mas um servidor fiel e resoluto do Evangelho, sendo mesmo, segundo a tradição, o fundador da Igreja mais rigorosa, a Igreja de Alexandria. O instrumento desta mudança parece ter sido a influência de Pedro, que transformou em apóstolo o discípulo tímido e cobarde.

Ao longo da minha vida de padre também já me senti assim, um tímido, um inútil sei lá mais o que…
Através desta história, aprendi uma lição: pela graça de Deus, o mais fraco pode receber a força. Portanto, não devo confiar apenas em mim próprio; nunca devemos desprezar um irmão que dá provas de fraqueza, nem jamais desesperar quanto à sua fidelidade mas, pelo contrário, devemos ajudá-lo a seguir em frente. A história de Marcos apresenta-nos um caso de mudança ainda mais rara: a passagem da timidez a uma segurança definitiva. Com efeito, se é difícil dominar paixões violentas, ainda é mais difícil superar a tendência para o temor e o desalento, essas pequenas cadeias que paralisam alguns. [.] Admiro em São Marcos, uma tão espantosa transformação: "pela fé, o fraco recebeu o dom da força" (Hb 11,34). Deste modo, Marcos dá testemunho dos dons mais maravilhosos do Espírito Santo, segundo a repartição dos últimos tempos: "Levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos joelhos enfraquecidos" (Hb 12,12).

Monday, April 24, 2006


Nascer do alto, pela água e pelo Espírito.
Foi este o desafio que Jesus fez a Nicodemos.
É O desafio que Jesus Hoje nos faz.
Hoje confunde-se este nascer de novo com o permanecer novo eternamente, reproduzindo o mito da eterna juventude proclamado por Goethe. Daí a quantidade de plásticas, e de exercícios para manter uma pele jovem, aparência jovem.
O nascer de novo a que Jesus no desafia é diferente.
O que nasce da carne é carne diz Jesus. O renascer pelo Espírito é uma rotação completa da existência. Abandonar a pretensão de se salvar por si próprio. Renascer pelo Espírito é colocar-se numa absoluta dependência de Deus mediante a fé. Pelo Baptismo somos incorporados em Cristo, assim a nossa origem e o nosso destino estão em Deus.
É preciso estar atento aos sinais do Espírito, ele nos guiará, não para onde queremos, mas para onde Ele quer, graças à vida nova de Deus.

Saturday, April 22, 2006


O encontro com uma pessoa verdadeiramente boa produz nos outros um verdadeiro fenómeno de oxigenação. Apercebem-se que lhes é restituído algo essencial às suas vidas.
Madeleine Delbrêl

Friday, April 21, 2006


Hoje apetece-me escrever sobre o onde? Quando? Como’ ir à missa.
Ouve-se dizer com frequência vou quando e onde me apetece. Não gosto de me sentir obrigado a nada. Gosto de me sentir livre.
De facto o amor não suporta a coacção.
Mas esta afirmação não é totalmente verdadeira. Porque o amor não é apenas sentimento. O sentimento vem por acréscimo. O amor é antes de mais uma decisão: “Quero amar-te”. O amor reside na vontade, não nas emoções, ainda que estas acompanhem o amor, daí a primeira qualidade do amor seja a fidelidade, isto é continuar a amar para além das mudanças de humor. Ir à missa é uma questão de amor deste tipo. Quero dizer uma questão de fidelidade. Isto é, um querer mais do que um sentir. Querer ouvir Jesus que nos diz: “faz isto em minha memória…”
Bom, isto foi para provocar. Vá lá vamos discutir esta questão, Força ai….

Thursday, April 20, 2006


Antes de dormir, ando muito cansado, mas queria deixar um pensamento para o dia de amanhã:
Amar é uma coisa simples e forte, mas custa.
Custa exactamente o preço, doloroso e alegre, de muitos momentos de paciência e impaciência juntos. E vem sempre o momento que a coisa mais dura é conhecer-se a si mesmo e suportar-se, sem deixar de querer tornar-se melhor.
(Abbé Pierre)
Hoje tocou-me de uma forma especial uma estrofe do hino de laudes:
Não há ressurreição sem haver morte,
Nem triunfo se não houver batalha:
Saibamos nós morrer em cada dia
E ser o homem novo!

Esta estrofe fez-me recordar uma interpelação que alguém me fazia ontem. “Padre tenho tantos problemas que já nada faz sentido na minha vida, nem a oração nem a missa…”
Se existe alguma coisa que exprima a nossa dor pode ser por exemplo a palavra perda. Que fazer das nossas perdas? Penso que devemos chorar as nossas perdas. Entregarmo-nos ao desespero à revolta significa deixar que as nossas perdas desfaçam os nossos sentimentos de segurança e nos conduzam à dolorosa verdade da nossa fragilidade. O nosso desgosto faz-nos experimentar sentimentos de vazio, em que nada é firme, onde tudo se encontra em constante transformação.
Diz-nos o evangelho “Bem-aventurados os choram porque serão consolados…”.
Mesmo assim em desespero não deixe de rezar, nem de ir à missa…, dizia-lhe eu… É preciso ter a coragem de transformar aquilo que se perdeu não em ressentimento mas em gratidão.
Muitas vezes tomamos a opção do ressentimento. O ressentimento é uma das forças mais destrutivas da nossa vida. Podemos mesmo dizer que é como que uma zanga fria, que se instalou no nosso interior, tornando mais duro o nosso coração.
Na eucaristia encontramos uma outra opção. Encontramos a gratidão. Chorar as nossas perdas é o primeiro passo para nos afastarmos do ressentimento e nos aproximarmos da gratidão. Na eucaristia imploramos o amor de Deus sobre nós. “Senhor tende piedade de mim…” Implorar o amor de Deus é sentir-se frágil, mas não vítima, é estar disposto a deixar-se transformar pelo amor de Deus. Só a terra desfeita pode receber a água, a terra dura não deixa ‘repassar’ a água. Assim é com o nosso coração. Deixar que o nosso coração receba a água de Deus.
Assim por baixo do nosso cepticismo e diria mesmo do nosso cinismo, há sempre o desejo de amor, de comunhão, mas para que isso aconteça e se concretize é preciso escutar com muita atenção as vozes mais profundas do nossos coração.
Senhor tem piedade de nós” e Ele responde-nos “Basta-te a minha graça”.
Terminei a conversa dizendo à pessoa, nunca se canse de pedir a cura do seu coração. Cura-me Senhor com a tua graça…

Wednesday, April 19, 2006

Os evangelhos desta semana Pascal não me deixam indiferente. Este é um pouco longo, mas não desistam de o ler.




Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer. Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos. E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!» Perguntou-lhes Ele: «Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.» Jesus disse-lhes, então: «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?» E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles. E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!» E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.

Esta é também a história de cada um de nós. Hoje tocou-me de forma particular o seguinte. A gratidão não é uma atitude obvia frente à vida.
A gratidão precisa de ser descoberta e vivida, poderíamos dizer com algum cuidado interior. As nossas perdas, as nossas experiências de rejeição e abandono e os nossos inúmeros momentos de desilusão levam-nos constantemente à ira, à amargura e ao ressentimento. Nós não conseguimos vencer o destino, quando tentamos vencê-lo caímos no nada. Jesus na eucaristia permite-nos optar pela gratidão. Mas esta é uma opção que ninguém pode fazer por nós. Na eucaristia Jesus abre-nos à possibilidade de nos irmos libertando dos inúmeros ressentimentos e optarmos pela gratidão.
Em vez de nos determos a olhar convulsivamente as nossas percas, somos convidados a olhar para o alto, de onde Deus nos oferece a sua força. Deixemos que o estranho nos interpele e fique connosco, e toque cada parte do nosso ser e depois transforme os nossos ressentimentos em gratidão.
A vida eucarística tudo transforma, até nos cria a oportunidade de dizer obrigado àquele que se juntou a nós no caminho…

Tuesday, April 18, 2006



Sem comentário...
Ontem à noite fui surpreendido com uma notícia triste: o meu amigo e colega Pe. António Sousa foi encontrado morto em sua casa. Conhecemo-nos há muitos anos, quando ele era presidente da Câmara de Proença e o meu pai era presidente da Junta de freguesia. Cada vez que nos encontrávamos ele perguntava sempre:”então como está o senhor almeida…” O senhor almeida é o meu pai!
A morte dos amigos questiona sempre a nossa vida. Como vivemos, como temos aproveitado o tempo. Muito mais quando somos surpreendidos com uma notícia inesperada. Muitos diriam é a vida, outros Deus quis assim…
Estamos em plena Páscoa, tudo tem que ter um sentido novo. Acredito profundamente que o Pe Sousa já contempla a glória de Deus. Ele que durante a vida se empenhou em servi-lo com amor e generosidade. Agora toma parte da alegria do Senhor. Já se desprendeu da matéria, da sua condição mortal.
Quero ler a morte deste amigo à luz do evangelho de hoje. “Maria estava junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. Sem parar de chorar, debruçou-se para dentro do túmulo, e contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. Perguntaram-lhe: «Mulher, porque choras?» E ela respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.» Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? Quem procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.» Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: «Rabbuni!» que quer dizer: «Mestre!» Jesus disse-lhe: «Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: 'Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso Deus.'» Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe tinha dito.
Maria, em lágrimas, inclina-se e olha para dentro do túmulo. Ela já tinha todavia constatado que estava vazio, e tinha anunciado o desaparecimento do Senhor. Porque se inclina então ainda? Porque quer ver de novo? Porque o amor não se contenta com um único olhar; o amor é uma conquista sempre mais ardente. Ela já O procurou, mas em vão; obstina-se e acaba por descobrir...
Mulher a quem procuras? Porque choras? A ti ou a mim? Se é a mim que procuras, então chora, espera, sofre. Se é a ti que procuras, queixa-te de ti mesma por estares nessa perspectiva dolorosa.
A resposta de Maria é muito sugestiva “Rabbuni”, isto é, és tu que mandas, eu obedeço, estou pronta pertenço-te. Não me toques, diz Jesus... É a passagem da presença sensível para a presença da fé. Um dia uma menina que tinha perdido a mãe disse-me: Perguntei-lhe porque estava triste. Foi porque a tua mãe partiu? Ela respondeu-me – não partiu. Antes estava ao meu lado, e agora está em mim. Que lição...
Diz ainda Jesus, vai aos meus irmãos: é isto que nos diz hoje também. Não fiques paralisado pela morte mas vai e anuncia a vida. Realiza a tua missão.
Que Jesus realize a sua missão em nós…

Monday, April 17, 2006

A superação da morte, a sua eliminação foi, é e continuará a ser o desejo e o objecto da procura do homem. A ressurreição de Jesus diz-nos que essa superação é possível. Em termos de princípio, a morte não pertence irrevogavelmente à estrutura da criação, da matéria. Diz-nos também outra coisa muito importante: a superação das fronteiras da morte não é possível, em definitivo, por meio de métodos clínicos, isto é, por meio da técnica. Tal superação acontece por intermédio do poder criador da palavra e do amor. A palavra de Deus penetra até ao interior do corpo. O seu poder não acaba nos limites da matéria. Abrange o todo. O poder de Deus é esperança e alegria. Na Páscoa, Deus revela-se a Si próprio, revela a sua força, que é superior à força da morte. Acolhamos esse amor, e provoquemos ressurreição à nossa volta, amando e encorajando aqueles que andam desanimados e desiludidos com a própria vida. Ajudemo-los a encontrar a verdade querida por Deus.

Saturday, April 15, 2006

Sábado Santo


Hoje a liturgia convida-nos ao silêncio!
Um silêncio pleno, mais do que apenas a ausência de palavras e acções. Um silêncio que não é apenas uma pausa, cheia de pensamentos e desejos. Mas sim um momento de contemplação, da cruz, onde está Cristo morto. Que este silêncio nos ofereça a paz interior, que nos deixe respirar e que nos ajude a descobrir o essencial da sua vida e da nossa vida. Uma Santa Páscoa a todos o que por aqui passarem.

Friday, April 14, 2006

Há um hino latino, tão querido como o Adoro te devote à piedade eucarística dos católicos, que põe em relevo o vínculo entre a Eucaristia e a cruz, o Ave verum. Composto no século XIII para acompanhar a elevação da Hóstia na Missa, ele é de igual modo adequado para saudar a elevação de Cristo na cruz. São unicamente cinco versos, mas têm um grande conteúdo:

Ave verdadeiro Corpo nascido da Virgem Maria!
Tu sofreste verdadeiramente e imolaste-te pelo homem na cruz.
Do teu lado trespassado saiu sangue e água.
Sê para nós penhor no momento da morte.
Ó Jesus doce, ó Jesus piedoso, ó Jesus filho de Maria!

Thursday, April 13, 2006

Santa Missa "In Cena Domini"



"Amou-os até ao fim" (cf. Jo 13, 1).
Antes de celebrar a última Páscoa com os discípulos, Jesus lavou-lhes os pés. Com um gesto que normalmente compete ao servo, quis imprimir nas mentes dos Apóstolos o sentido de quanto iria acontecer dali a pouco.
Com efeito, a paixão e a morte constituem o fundamental serviço de amor com o qual o Filho de Deus libertou a humanidade do pecado. Ao mesmo tempo a paixão e a morte de Cristo revelam o sentido profundo do novo mandamento por Ele confiado aos Apóstolos: "que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei" (Jo 13, 34).
"Fazei isto em memória de Mim" (1 Cor 11, 24.25) disse duas vezes, distribuindo o pão que se tornou o seu Corpo e o vinho que se tornou o seu Sangue. "Dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também" (Jo 13, 15)...
O acto do lava-pés representa toda a vida de Jesus: o levantar-se da mesa, a deposição do revestimento de glória, a inclinação para nós no mistério do perdão, o serviço da vida e da morte humana. A vida e a morte de Jesus não estão uma ao lado da outra, na morte de Jesus unicamente a substância, o verdadeiro conteúdo da sua vida. Vida e morte tornam-se transparentes e revelam o acto de amor até ao fim, um amor infinito que é o único lava-pés verdadeiro do homem, o único capaz de habilitar para a comunhão, isto é de o libertar.
Neste dia somos convidados a compenetrarmo-nos, mesmo com sofrimento, no acto divino-humano do amor, que como tal, é a purificação, isto é, a libertação do homem.
Rezemos por todos os padres do mundo, são eles que actualizam hoje para nós o amor de Deus através do sinal eucaristico…