Tuesday, May 30, 2006



A alma não teria arco-íris se os olhos não tivessem lágrimas…

John Vance

Saturday, May 27, 2006

Esta manhã fui acordado por uma notícia inesperada.
Um rapaz de 24 anos, ontem à noite foi encontrado morto na linha do comboio. Não o conhecia, mas conheço os pais e a irmã, de quem sou particularmente amigo.
Esse acontecimento faz-me pensar uma frase que um dia li, e que nunca mais esqueci. É de Freud. Perguntam a Freud quando é que uma pessoa está madura. Ele responde: “A pessoa madura ama e trabalha em liberdade”.
Não basta ter um mundo afectivo para ser maduro. O que conta é a qualidade do amor, e esta depende do grau de liberdade interior com que se vivem as relações interpessoais. Não basta ser eficiente. A nossa sociedade gera muita gente activa, mas ansiosa, que, pelo trabalho, foge dos seus conflitos latentes.
Agora não basta chorar o passado: o que se fez ou o que se devia ter feito, mas sim olhar o futuro. Acreditamos que Deus é amor, misericórdia e por isso já acolheu este irmão na sua glória, a nós que ficamos e sentimos a saudade, sofremos o vazio da ausência, é nos pedido, que vivamos os nossos conflitos latentes com a ajuda e a graça do Senhor. Também este facto nos deve ajudar a celebrar melhor a Ascensão do Senhor. O Senhor vai à nossa frente para nos abrir o caminho, acompanhê-mo-lo...
Bom Fim-de-semana a todos…

Naquele tempo, Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes:
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.
Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.

Mc.16, 15-20

Wednesday, May 24, 2006

O meu areópago...


No Evangelho de hoje encontramos uma das seis tarefas que Jesus atribui ao Espírito Santo: conduzir os discípulos à verdade plena.
Como falar hoje do espírito Santo a um mundo vazio de espírito? Rico de matéria e submerso na incredulidade…
Para Paulo também não foi fácil falar de Deus aos atenienses. Recordo com saudade a viagem que fiz a este espaço no verão passado, onde me coube a mim ler esta passagem.
Paulo foi original, partiu da inscrição do altar: “ao Deus desconhecido”, e depois centrou o seu testemunho no conhecimento de Deus em quem vivemos, nos movemos e existimos.
Hoje, nós que somos Seus discípulo/a(s), devemos também estar atento/a(s) para descobrirmos em que nível, em que grau de conhecimento de Deus se encontram o/a(s) nosso/a(s) irmãos e irmãs.
No mundo onde nos movimentamos, frequentemente, a acreditamos num Deus que fazemos à nossa medida, nivelando o Seu pensar com nosso, as Suas razões com as nossas.
Todos sabemos muitas coisas de Deus; inclusive, falamos muitas coisas acerca Dele, mas de uma forma superficial, passamos ao lado do que Deus quer: que O conheçamos, que saboreemos o Seu amor pessoal por cada um e cada uma de nós, e que vivamos com filhos e filhas profundamente amado/a(s) por Ele.
E que tal pensar um pouco nisto hoje…



De pé, no meio do Areópago, Paulo disse, então:«Atenienses, vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens.
Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos monumentos sagrados, até encontrei um altar com esta inscrição: ‘Ao Deus desconhecido.’ Pois bem! Aquele que venerais sem o conhecer é esse que eu vos anuncio.O Deus que criou o mundo e tudo quanto nele se encontra, Ele, que é o Senhor do Céu e da Terra, não habita em santuários construídos pela mão do homem, nem é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa, Ele, que a todos dá a vida, a respiração e tudo mais. Fez, a partir de um só homem, todo o género humano, para habitar em toda a face da Terra; e fixou a sequência dos tempos e os limites para a sua habitação, a fim de que os homens procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo, mesmo tacteando, embora não se encontre longe de cada um de nós. É nele, realmente, que vivemos, nos movemos e existimos, como também o disseram alguns dos vossos poetas:‘Pois nós somos também da sua estirpe.’

Actos 17, 22...

Tuesday, May 23, 2006

Hoje partilho apenas esta linda meditação do Cardeal Newman:
Meu Deus, eterno Paráclito, adoro-Te, Luz e Vida. Poderias ter-Te limitado a enviar-me de fora bons pensamentos, para além da graça que os inspira e os realiza; poderias conduzir-me pela vida dessa maneira, limitando-Te a purificar-me, pela Tua acção interior, no momento da minha passagem para o outro mundo. Na Tua compaixão infinita, porém, entraste na minha alma desde o começo, dela Te apossaste, dela fizeste o Teu templo. Pela Tua graça, habitas em mim de modo inefável, unindo-me a Ti e a toda a assembleia dos anjos e dos santos. Mais ainda, estás pessoalmente presente em mim, não apenas pela Tua graça, mas pelo Teu próprio ser, como se, mantendo embora a minha personalidade, eu fosse de alguma maneira absorvido em Ti, a partir dessa vida. E, como quiseste mesmo apossar-Te do meu corpo, na sua fraqueza, ele se tornou igualmente templo Teu (1 Cor 6, 19). Verdade espantosa e temível! Ó meu Deus, creio que assim é, sei que assim é!
Poderei pecar, estando Tu tão intimamente comigo? Poderei esquecer Quem está comigo, Quem está em mim? Poderei expulsar o hóspede divino por via daquilo que Ele abomina mais do que tudo, da única coisa que pode ofendê-Lo, da única realidade que não é Sua? […] Meu Deus, possuo uma dupla segurança contra o pecado: a primeira é o temor de semelhante profanação, na Tua presença, de tudo quanto és em mim; a segunda é a confiança de que essa mesma presença me protegerá do mal. […] Nas provas e na tentação, chamarei por Ti. […] Graças a Ti, nunca Te abandonarei.
Cardeal John Henry Newman

Monday, May 22, 2006

Quando compreender o amor, então aprenderei a amar…

Este Fim-de-semana foi para mim muito agitado.
Celebramos na cidade a Bênção dos Finalistas do Politécnico. Sou o responsável por esse sector da pastoral, por isso imaginem como foi, uma correria, mas tudo bem, correu bem, graças a Deus. Os estudantes portaram-se bem… Como sempre.
Hoje ecoam ainda em mim as palavras do evangelho deste domingo: Permanecei no meu amor… Sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando - Amai-vos uns aos outros como eu vos amei…
O senhor dá-nos um mandamento novo: o do amor mútuo e gratuito. Novo porque acrescenta: como eu vos amei… E ao acrescentar como eu vos amei distingue-o do amor natural. Isto é, um amor que nasce em Deus e que é derramado nos nossos corações, e que nos capacita a amarmos como Ele amou. É um amor que nos renova, que faz de nós homens novos, herdeiros da nova aliança.
A capacidade de amarmos sem medida e gratuitamente não está apenas dependente das nossas capacidades de amar mas sim do permanecermos no seu amor. É d’Ele que nos vem a força e a capacidade de amarmos como ele nos amou.
Como diz Luigi Giussani “A lei da vida não é ter isto ou aquilo, mas é amar. Tanto é verdade que foi precisamente o amor que gerou o mundo e que criou a história com um significado”.
Boa semana para todos


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».
(Jo 15, 9-17)

Saturday, May 20, 2006

Criminosos, assassinos, vítimas, inocentes…

Fiquei deveras admirado, quando na quinta-feira, enquanto jantava, a correr como sempre, ia dando uma espreitadela no noticiário, de um dos canais televisivos.
A certa altura aparece uma reportagem acerca da reabertura da Praça de Touros do Campo Pequeno, agora restaurada.
À porta uma enorme manifestação, pelo que me apercebi, organizada por uma associação de defesa dos direitos dos animais.
De tanto barulho, gritaria, raiva, sobressaía uma palavra: assassinos!..., criminosos!...
Todos temos direito à livre expressão.
Mas pergunto-me são assassinos, os toureiros, os bandarilheiros, certamente os aficionados, etc.?…
Quem gritava eram sobretudo mulheres, uma até foi focada de frente, da sua boca saía uma raiva mortífera…
Quantas daquelas que ali gritavam não provocaram livremente aborto? Sim digo livremente aborto… essas o que são? Vítimas, inocentes…
Como somos cobardes, gritamos, melhor, berramos a favor daquilo que Deus criou para serviço do homem e portando também deve ser respeitado, e ignoramos o essencial. Os inocentes, que não têm voz, que vivem silenciosamente no ventre materno. Somos a obra essencial, prima das mãos de Deus. Somos o centro da criação.
Invertemos tudo, até a ordem de valores.
Onde queremos parar?
Desculpem-me o desabafo….

Friday, May 19, 2006

A propósito do mandamento novo…



«É este o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei»

Encontrei este texto de São Clemente de Roma que não podia deixar de partilhar convosco.
Diz São Clemente: quem possui o amor de Cristo cumpre os mandamentos de Cristo. Quem pode descrever o «vínculo da caridade divina» ou narrá-lo? Quem pode exprimir a magnificência da sua beleza?
A altura a que nos leva a caridade é inexprimível. A caridade une-nos a Deus; a caridade «cobre a multidão dos pecados»; a caridade tudo aceita, tudo suporta com paciência. Nada há de indigno na caridade, nada de soberbo nela. A caridade não admite divisões, não promove discórdias, tudo realiza em perfeita harmonia. Na caridade encontram a perfeição todos os eleitos de Deus e, sem ela, nada é agradável a Deus. Pela caridade o Mestre atraiu-nos a Si. Pela sua caridade para connosco, Jesus Cristo nosso Senhor, segundo a vontade divina, derramou o Seu Sangue por nós, imolou a Sua Carne para redimir a nossa carne, deu a Sua Vida para salvar a nossa vida.
Neste final de semana vale a pena pensar um pouco como vai a nossa caridade…

Thursday, May 18, 2006


Como todos sabemos Sócrates era um filósofo grego. Na Grécia Antiga, Sócrates possuía elevada reputação e era muito estimado pelo seu elevado conhecimento, cultural, cientifico e como não podia deixar de ser filosófico.
Um dia, um conhecido do grande filósofo aproximou-se dele e perguntou-lhe:– Sócrates, sabes o que acabei de ouvir acerca de um amigo teu?
– Espera um minuto, respondeu Sócrates! Antes de me dizeres o que quer que seja, gostava de te fazer um teste. Chama-se o "teste do filtro triplo."
– O que é isso do filtro triplo?
– Escuta, continuou Sócrates, antes de me falares do meu amigo talvez fosse uma boa ideia parares um momento e filtrares aquilo que me vais dizer. Por isso lhe chamei o filtro triplo...
...e continuou ainda: O primeiro filtro é VERDADE: tens a certeza absoluta de que aquilo que me vais dizer é indiscutivelmente verdadeiro?
– Não, disse o homem... acontece que eu ouvi dizer que...
– Então, disse Sócrates, não sabes se é verdade. Passemos ao segundo filtro, que é BONDADE: o que me vais dizer sobre o meu amigo é bom?
– Não, muito pelo contrário...
– Então, continuou Sócrates, queres dizer-me algo mau sobre ele e não sabes se é ou não verdadeiro. Mas, vá lá, pode ser que ainda passes no terceiro filtro. O último filtro é UTILIDADE: o que me vais dizer sobre o meu amigo será útil para mim?"
– Não, acho que não...
– Bom, concluiu Sócrates, se o que me vens dizer não é bom, nem útil e muito menos sabes se é verdadeiro, para quê dizeres-me?"

É assim a vida, todos os dias acontece isto, me vêm com histórias de amigos meus… mas o pior é que eu também faço o mesmo…
Já pensaste nisso?

Wednesday, May 17, 2006



É uma lei da vida humana, tão certa como a da gravidade: para vivermos plenamente, precisamos de aprender a usar as coisas e a amar as pessoas… não a amar as coisas e a usar as pessoas…

Tuesday, May 16, 2006

Hoje encontrei uma senhora, mãe de dois filhos, disse-me coisas encantadoras do filho mais velho: estudioso, limpo, educado, sempre atento à família, enfim atinadinho… este meu filho é o retrato vivo do pai…
De repente apareceu o filho mais novo, este padre, não estuda, é birrento, caprichoso, preguiçoso, refilão, e muito mais coisas que agora não me recordo, e terminou a adjectivação do filho mais novo dizendo, não sei a quem terá saído este menino…
O filho farto de tanta comparação, ofensiva e humilhante, furioso e irónico, disse Sabes mamã, estou tão orgulhoso de ti que gostaria que pelo menos alguma vez dissesses que sou o teu retrato vivo…

Monday, May 15, 2006

Família...

A família é lugar de esperança. Apesar de tudo é a melhor garantia de salvaguarda dos valores pessoais. É o correctivo mais válido para as deformações do mundo tecnificado, racionalista, massificado, violento e nada acolhedor. É a possibilidade mais digna para a expressão: amor, emoção, relação interpessoal.
Esta família está doente, é preciso cura-la, salva-la.
É preciso redescobrir o significado da palavra amor. Ai poderá estar o início da cura.
A família nasce de uma esperança na qual a promessa de fidelidade no amor arrancará ao futuro a sua imprevisibilidade. Cresce na esperança de que as dificuldades não são mais do que a expressão de «um ainda não», à procura de plenitude, tentando resistir a considerar facilmente como «um nunca mais».
A família culmina na esperança de que a obra cumprida em fidelidade seja considerada como garantia de uma plenitude, pela qual se suspirou desde sempre…

Saturday, May 13, 2006

O mal existe?


Bom, então cá vai mais uma história, desejo que ajude...
Um professor universitário desafiou os seus alunos com esta pergunta:
“Deus criou tudo o que existe?”
Um aluno respondeu valentemente: Sim, fez…
Deus criou tudo?, perguntou novamente o professor
Sim senhor, respondeu o jovem.
O professor respondeu, “Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e partindo do preceito de que as nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau"
O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, regozijava-se de ter provado mais uma vez que a fé era um mito.
Outro estudante levantou a mão e disse:
Posso fazer uma pergunta, professor?
Sim pode, faça favor…
O jovem ficou de pé e perguntou: professor, existe o frio?
Que pergunta é essa?
Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?
O rapaz respondeu:" De facto, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objecto é susceptível de estudo quando possui ou transmite energia, é o calor que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever os nossos sentimentos quando não sentimos calor "
E, existe a escuridão? Continuou o estudante.
O professor respondeu: Existe.
O estudante respondeu: Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz.
“A luz pode estudar-se, a escuridão não, até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas. A escuridão não. Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz. Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim professor? Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente”
Finalmente, o jovem perguntou ao professor:
Senhor, o mal existe?
O professor respondeu: Claro que sim, lógico que existe, como disse desde o começo, vemos crimes e violência por todo o lado, essas coisas são do mal.
Ao que o estudante respondeu: O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência de Deus, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever essa ausência de Deus.
Deus não criou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.
Então o professor, depois de balançar a cabeça, ficou calado
O nome do jovem era...
ALBERT EINSTEIN.

Friday, May 12, 2006

Depois do post de ontem vejam lá o que me aconteceu…
Estava eu a paramentar-me (vestir as vestes litúrgicas) para celebrar a eucaristia, 7:55H, mais coisa, menos coisa, entra pela sacristia dentro alguém a pedir para conversar comigo. Fico extremamente nervoso quando isto acontece, gosto que os 10m que antecedem a celebração sejam de concentração. Assim dou a imagem de alguém que sabe o que quer e o que faz. Mas não é assim… Disse à pessoa que agora não podia, estava em cima da hora. Entretanto ia-me paramentando sem olhar muito directamente para a pessoa. A pessoa foi falando e desabafando, de que a sua filha não podia ir ao encontro de preparação para o sacramento da confirmação, que se realiza no próximo sábado. Eu, sempre a despachar e todo mordido por dentro lá fui dizendo que não concordava e que ela é que sabia, pois já era crescida para assumir as consequências das opções tomadas. Não escutei esta pessoa, que tinha necessidade de ser compreendida, amada e escutada, e eu não me senti válido, fui apenas um simples funcionário… A pessoa saiu e eu entrei para começar a missa. Durante o exame de consciência inicial dei-me conta do seguinte:
Eu tive uma oportunidade de amar e escutar e não foi esta a minha opção. A minha opção tinha sido outra, a de não me chateie, diga rápido o que quer e siga o seu caminho, não escutei, por isso não compreendi.
Só posso ser feliz quando escutar com o coração. Quanto perceber com o coração aquilo que o outro me diz, não o que eu quero ouvir, ou o que julgo que tem que ser, mas o que de facto o outro tem para me dizer, sem julgar. Assim sentir-me-ei amado pertença, válido, caso contrário não passará de mais um momento de revolta, de frustração...
Como é difícil amar, compreender e escutar…
Que Deus nos ajude!

Thursday, May 11, 2006


Agora, deu-me para contar histórias, podia ser para pior, deve ser influência da proximidade com os miúdos da catequese. Para quem não sabe sou responsável pela catequese da Paróquia.
Então cá vai mais uma história...

Como todas as Histórias, esta não podia de deixar de começar... Era uma vez um menino chamado João. João tinha apenas cinco anos, a professora do jardim de infância, pediu aos meninos que fizessem um desenho sobre uma coisa que eles amassem.
João desenhou a sua família...
Depois, desenhou um grande círculo, com um lápis vermelho, ao redor das figuras.
Querendo escrever uma palavra por cima do círculo, ele saiu da sua carteira, foi até à mesa da professora e perguntou-lhe:
Senhora professora, como é que se escreve...?
A professorara não o deixou terminar a pergunta, e disse-lhe: o menino vai já para o seu lugar e não se atreva a interromper mais a aula.
João dobrou o papel e guardou-o no bolso.
Quando regressou a casa, lembrou-se do desenho e tirou-o do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi à mochila, pegou num lápis e olhou para o enorme círculo vermelho.
A sua mãe estava a preparar o jantar, indo e vindo do fogão para a bancada e para a mesa.
Ele queria terminar o desenho antes de o mostrar a ela e perguntou-lhe:
- Mamã, como é que se escreve...?
João! não vês que estou ocupada? Vai brincar lá para fora. E não batas com a porta.
O João dobrou o desenho e guardou-o novamente no bolso.
Nessa noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso.
Olhou para o enorme círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou no lápis.
Ele queria acabar o desenho antes de o mostrar ao pai.
Alisou bem as dobras, colocou o desenho no chão da sala, perto do sofá onde o pai se costumava sentar e perguntou-lhe:
- Papá, como é que se escreve...?
- João! não vês que estou a ler o jornal e que não gosto de ser interrompido? Vai brincar lá para fora e não batas com a porta.
O Joãozinho dobrou mais uma vez o desenho e guardou-o no bolso.
No dia seguinte, quando a mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso das calças do João, enrolados num papel, uma pedrinha, um elástico e dois cromos.
Eram os tesouros que ele tinha guardado enquanto brincara fora de casa.
Ela nem desenrolou o papel e atirou tudo para o lixo.
Os anos passaram... e muitos dias iguais a estes se seguiram...
Entretanto o João cresceu e casou...
Quando João tinha 28 anos, a sua filha de cinco anos, a Ana fez um desenho.
Era o desenho da sua família.
O pai sorriu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e disse:
- Este és tu, Papá!
A menina sorriu também...
O pai olhou para o enorme círculo vermelho feito por ela, ao redor das figuras e demoradamente, passou os dedos sobre o círculo.
Ana desceu rapidamente do colo do pai e disse-lhe:
-Eu já venho Papá!
Quando voltou, trazia um lápis na mão.
Voltou a sentar-se nos joelhos do pai, pôs a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou:
- Pap! como é que se escreve AMOR?
Ele abraçou a filha, pegou-lhe na mãozinha e conduziu-a devagar, ajudando-a a escrever as letras, enquanto lhe dizia:
AMOR, querida, AMOR escreve-se com as letras T, E, M, P, O.

Wednesday, May 10, 2006





Ontem o Carlos, contou-me esta história que vou tentar reproduzir aqui:
A vida não é mais do que uma viagem de comboio: repleta de embarques e desembarques, salpicada por acidentes, surpresas agradáveis em algumas estações…
Ao nascer, subimos para o comboio e encontramo-nos com algumas pessoas que acreditamos que estarão sempre connosco nesta viagem: os nossos pais.
Lamentavelmente a verdade é outra.
Eles saíram numa qualquer estação, deixando-nos órfãos do seu carinho, amizade e da sua companhia insubstituível.
Apesar disto, nada impede que entrem outras pessoas que serão muito especiais para nós.
Chegam os nossos irmãos, amigos e esses maravilhosos amores...
De entre as pessoas que apanham este comboio, também haverá quem o faça como um simples passeio.
E outros também, que circulando pelo comboio, estarão sempre prontos para ajudar quem precisa.
Muitos, quando descem do comboio, deixam uma permanente saudade…
Outros passam tão desapercebidos que nem reparamos que desocuparam o lugar.
Às vezes, é curioso constatar que alguns passageiros, que nos são muito queridos, se instalam em noutras carruagens, diferentes da nossa.
Assim, fazemos o trajecto separados deles.
Mas, nada nos impede que, durante a viagem, percorramos a nossa carruagem com alguma dificuldade e cheguemos até eles...
Mas, lamentavelmente, não nos poderemos sentar ao seu lado, pois estará outra pessoa a ocupar o lugar.
Não importa, a viagem faz-se deste modo: cheio de desafios, sonhos, fantasias, esperas e despedidas... mas nunca de retornos.
Então, façamos esta viagem da melhor maneira possível…
Devemos relacionar-nos bem com todos os passageiros, procurando em cada um, o melhor deles.
Recordemos sempre que em algum ponto do trajecto, eles poderão hesitar ou vacilar e, provavelmente, vamos precisar de os entender…
Como nós também vacilamos muitas vezes, sempre haverá alguém que nos compreenda.
No fim, o grande mistério é que nunca saberemos em que estação vamos sair, nem, muito menos, onde sairão os nossos companheiros, nem sequer, aquele que está sentado ao nosso lado.
Fico a pensar se, quando sair do comboio, sentirei nostalgia...
Acredito que sim.
Separar-me de alguns amigos com quem fiz a viagem, será doloroso.
Deixar que os meus filhos sigam sozinhos, será muito triste.
Mas agarro-me à esperança que, em algum momento, chegarei à estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram.
O que me fará feliz, será pensar que colaborei para que a sua bagagem crescera e se tornasse valiosa.
Meu amigo, façamos com que a nossa estadia neste comboio seja tranquila e que tenha valido a pena.
Esforcemo-nos para que, quando chegue o momento de desembarcar, o nosso lugar vazio deixe saudades e umas lindas recordações para todos os que continuam a viagem

Assim termina a história, espero que tenha valido a pena o tempo que paraste nesta estação um bom dia para todos os que aqui entrarem.

Tuesday, May 09, 2006

"As minhas ovelhas escutam a minha voz"


Encontrei este texto da Ir. Teresa de Calcutá que acho fabuloso. Partilho convosco:
Acharás certamente que é difícil rezar se não souberes como o fazer. Cada um de nós deve ajudar-se a rezar: em primeiro lugar, recorrendo ao silêncio, porque não podemos pôr-nos em presença de Deus se não praticarmos o silêncio, tanto interior como exterior. Fazer silêncio dentro de nós mesmos não é fácil, mas é um esforço indispensável. Só no silêncio encontraremos um novo poder e uma verdadeira unidade. O poder de Deus tornar-se-á nosso, a fim de realizarmos todas as coisas como devem ser realizadas; o mesmo no que respeita à unidade dos nossos pensamentos com os seus pensamentos, das nossas orações com as suas orações, das nossas acções com as suas acções, da nossa vida com a sua vida.
A unidade é o fruto da oração, da humildade, do amor.
É no silêncio do coração que Deus fala; se te colocares diante de Deus no silêncio e na oração, Deus falar-te-á. E saberás então que não és nada. Só quando conheceres o teu nada, o teu vazio, é que Deus pode encher-te d’Ele mesmo. As almas dos grandes orantes são almas de grande silêncio.O silêncio faz-nos ver cada coisa com outros olhos. Precisamos do silêncio para tocar as almas dos outros. O essencial não é o que dizemos, mas o que Deus diz, o que Ele nos diz, o que diz através de nós. Nesse silêncio, Ele nos escutará, falará à nossa alma e escutaremos a sua voz.

Sunday, May 07, 2006

Porque hoje é Dia da Mãe...



Mãe! Nome tão doce e santo
Esta palavra diz amor profundo
Deus quis que ela fosse encanto
E a raiz da própria árvore do mundo

Nas horas amargas grandeza assume
Quando sofre uma mãe sem um lamento
Sem uma negação, sem um queixume
Tem na alma o condão do sofrimento

Mãe! Essa virtude a herdaste pela graça
Daquela que sofreu aos pés da cruz
Até que esvaziou o fel da taça
Que amargurou o seu Filho – Jesus

Maria da Piedade Anselmo

Saturday, May 06, 2006

Eu sou o Bom Pastor...

"Eu sou o Bom Pastor
Hoje celebramos o domingo do Bom Pastor…
Todos participamos num grau ou noutro da missão pastoral de Jesus.
Jesus dá-nos pistas para o imitarmos. O seu amor é responsável e delicado: conhece pessoalmente quem trata. Valente: defende-nos ao ponto de colocar em risco a sua vida.
O seu amor é aberto e universal, não se conforma com as(os) de sempre, deseja uma casa de comunhão para todos. É amor, amistoso, fiel, generoso, entregue, libertador...
Às vezes o poder serve para servir-se, não para servir. O verdadeiro pastor é aquele que presta o seu serviço por amor e não por dinheiro. Ele não está apenas interessado em cumprir o contrato, mas em fazer com que as ovelhas tenham vida e se sintam felizes. A sua prioridade é o bem das ovelhas que lhe foram confiadas. Por isso, ele arrisca tudo em benefício do rebanho e está, até, disposto a dar a própria vida por essas ovelhas que ama.
Quando alguém se esvazia totalmente de si mesmo pelos outros, demonstra que toca a Verdade. Convence…
Conhecer no contexto bíblico significa amar.
A entrega está acompanhada de um conhecimento que leva a amar e de um amor que leva a conhecer-se profundamente.
Esta relação de conhecimento-amor é tão profunda que Jesus compara-a à que existe entre Ele e o Pai.
A postura de Jesus diante de quem não o segue ou se desviou do caminho –todos, nalguma ocasião, não é de crítica nem abandono. Há uma confiança espera, um desejo de trazer e atrair.
Não faz nada à força. Jesus actua com total liberdade.
Onde existe amor até ao limite há vida sem limite, pois o amor é força de vida.
Bom Domingo para todos…


Naquele tempo, disse Jesus.
«Eu sou o Bom Pastor.
O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa.
O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor.
Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la.
Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente.
Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai
».

Jo. 10, 11-18

Thursday, May 04, 2006

«Eles serão intruídos pelo próprio Deus»

Como as águas pela blogosféra têm andado um pouco agitadas deixo este texto lindíssimo de Santa Teresa d’ Ávila:

Quando é Deus que suspende e pára o entendimento, Ele dá-lhe o que admirar e de que se ocupar; então, sem raciocinar, recebemos, no espaço de um Credo, mais luz do que poderíamos adquirir em muitos anos com todo o esforço do mundo. Mas querer ligar os poderes da nossa alma e parar a sua actividade, por nós próprios, é uma loucura...
Durante muitos anos, li muitas coisas sem as compreender. Em seguida, passei um tempo considerável sem conseguir encontrar termos para explicar as graças que Deus me concedia, o que constituiu para mim a fonte de muitas penas. Mas quando agrada a Sua Majestade, ela ensina tudo num instante, e de uma forma que me deixa estupefacta. Esta é uma coisa que posso afirmar com toda a verdade. Muitos homens espirituais com quem dialogava procuraram explicar-me os dons que Deus fazia à sua alma, esperando ajudar-me assim a dar-me conta deles. A minha estupidez tornou todos os seus esforços inteiramente inúteis. Talvez que Nosso Senhor o quisesse assim, para ter sozinho todos os direitos ao meu renascimento. Com efeito, foi sempre Ele o meu mestre. Bendito Seja! Mas também, que confusão para mim que uma tal confissão seja a expressão da verdade!... Foi pois sem que eu o tenha desejado ou pedido, que Deus me iluminou num instante e me pôs em estado de o exprimir. Os meus confessores ficaram surpreendidos, e eu mais ainda, porque conhecia melhor a minha incapacidade... Sim, redigo-o agora, é muito importante não elevarmos o nosso espírito antes que Deus o eleve. E quando Ele o faz, compreendemo-lo imediatamente.

Wednesday, May 03, 2006

O qual queres alimentar?


Hoje recebi um email, muito engraçado, que passo a transcrever. Estava em Brasileiro, tentei corrigi-lo para um Português, Português.

Um velho Índio descreveu um dia os seus conflitos internos e dizia:
“Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau, o outro é bom e dócil. Eles estão sempre em conflito”.
Perguntaram-lhe qual dos cachorros ganharia o conflito, o sábio Índio parou, reflectiu e respondeu:
“Aquele que eu alimentar…”

Tuesday, May 02, 2006

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar algumas vezes irritado, mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo. E posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da tua alma. É agradecer a Deus em cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo…
Fernando Pessoa