Wednesday, April 19, 2006

Os evangelhos desta semana Pascal não me deixam indiferente. Este é um pouco longo, mas não desistam de o ler.




Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer. Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos. E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!» Perguntou-lhes Ele: «Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.» Jesus disse-lhes, então: «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?» E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles. E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!» E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.

Esta é também a história de cada um de nós. Hoje tocou-me de forma particular o seguinte. A gratidão não é uma atitude obvia frente à vida.
A gratidão precisa de ser descoberta e vivida, poderíamos dizer com algum cuidado interior. As nossas perdas, as nossas experiências de rejeição e abandono e os nossos inúmeros momentos de desilusão levam-nos constantemente à ira, à amargura e ao ressentimento. Nós não conseguimos vencer o destino, quando tentamos vencê-lo caímos no nada. Jesus na eucaristia permite-nos optar pela gratidão. Mas esta é uma opção que ninguém pode fazer por nós. Na eucaristia Jesus abre-nos à possibilidade de nos irmos libertando dos inúmeros ressentimentos e optarmos pela gratidão.
Em vez de nos determos a olhar convulsivamente as nossas percas, somos convidados a olhar para o alto, de onde Deus nos oferece a sua força. Deixemos que o estranho nos interpele e fique connosco, e toque cada parte do nosso ser e depois transforme os nossos ressentimentos em gratidão.
A vida eucarística tudo transforma, até nos cria a oportunidade de dizer obrigado àquele que se juntou a nós no caminho…

3 comments:

Anonymous said...

"Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no" Esta, é a frase que mais me toca neste evangelho. E toca-me, porque infelizmente estou constantemente a nao reconhecer o Senhor. Embora eu "saiba" que ele esta sempre comigo e com os meus irmaos, e de uma forma elevada no Sacramento da Eucaristia, Eu nao vivo como se acreditasse. Vou dar um exemplo: Imagine-se que Cristo decidia fazer uma apariçao publica na terra e anunciava que queria falar pessoalmente contigo a sos só que essa conversa tinha que ser nos estados unidos,por ex. Ora, sabendo que era o proprio Cristo e que podias falar com ele em privado, quem é que teria a coragem de nao ir. de vender tudo se fosse preciso para conseguir ter essa conversa??
Já nos foi dito por muita gente que Cristo esta aqui, nos meio de nos. que esta na Eucaristia, no Sacrario, no irmão, etc. E eu mesmo sabendo estas coisas passo a maior parte do meu dia sem membrar Dele.....
A paz esteja contigo

Joanissima said...

E quando não sentimos na missa este espírito? Quando, de repente, sentimos aquilo tudo como uma ofemsa ao conceito em si?

Um beijo. tens um email à tua espera...

Anonymous said...

Por vezes, a nossa condição de pecadores é demasiada pesada para conseguirmos levantar a cabeça para o alto. É essa a nossa luta diária. Pelo menos, deveria ser...